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RENASCIMENTO

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RENASCIMENTO E CI NCIA MODERNA RENASCIMENTO E CI NCIA MODERNA Como diz Sciacca, Descartes fornece as regras do m todo para construir a ci ncia e a filosofia ... – PowerPoint PPT presentation

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Title: RENASCIMENTO


1
RENASCIMENTO
  • E CIÊNCIA MODERNA

2
  • 1. O renascimento - Precursor do Nascimento da
    Ciência Moderna.
  • Da mesma forma como a Idade Média foi por muitos
    considerada a idade das trevas, o Renascimento
    foi visto como uma reedição da antiguidade.
  • Embora seus representantes tenham se inspirado
    nas obras antigas, seus esforços resultaram em
    projetos e realizações originais - seu ideal foi
    retornar ao antigo, para poder ultrapassá-lo.
  • O renascentista foi um homem do seu tempo
    possuindo o sentido da história, sabia que o
    mundo antigo era diferente do seu e que,
    pretendendo reviver a antiguidade, procurava
    viver uma vida diversa da Idade Média.

3
  • Esse movimento filosófico e literário, iniciado
    na Itália, na segunda metade do século XIV e,
    depois, difundido no resto da Europa, tem no
    humanismo sua característica principal.
  • O aspecto primordial do Humanismo renascentista é
    a liberdade do homem, que o faz capaz de
    estabelecer e desenvolver seu projeto de vida.
  • Ao contrário do conceito medieval de homem,
    inteiramente submetido à Igreja e ao Sacro
    Império Romano-Germânico, o Humanismo o vê livre,
    em relação à natureza e à sociedade.
  • Restaurou a dignidade humana, pela admissão da
    liberdade e capacidade de interagir com o mundo.

4
  • O termo humanismo originou-se do latim humanitas,
    definida por Cícero como a cultura que distingue
    o homem civilizado da natureza e da barbárie.
  • Assim, o retorno aos clássicos antigos,
    desenvolvendo a cultura, deveria permitir à
    humanidade a conquista de uma natureza humana
    mais de acordo com o ideal clássico
    greco-romano. 

5
  • O Humanismo e o Renascimento são apenas dois
    momentos do mesmo movimento, tendo, portanto, os
    mesmos fundamentos
  • 1) afirmação do valor e da dignidade da natureza
    humana
  • 2) livre investigação da natureza física, sem
    sujeição à autoridade de Aristóteles e à
    autoridade religiosa, em campos fora de sua
    alçada. 
  • Esses dois fundamentos são o naturalismo do
    Humanismo - que tem como objeto a natureza humana
    e o naturalismo do Renascentismo que tem como
    objeto a natureza física.

6
  • A fé inabalável na natureza humana fez com que os
    renascentistas acreditassem que a inteligência e
    a liberdade do homem são ilimitadas e que a ele,
    sendo livre, para agir bem, basta seguir as leis
    da sua natureza.
  • Leon Battista Alberti (1404-1472) ilustra muito
    bem essas idéias, quando diz ser o homem o
    artífice de seu próprio destino.
  • Esse homem ideal, que procura realizar-se,
    reedita a idéia platônica de homem.
  • Trata-se, sem dúvida, de um otimismo utópico, mas
    que propiciou grande progresso e fundamentou o
    surgimento da cultura moderna.

7
  • Acreditando que o mundo natural é o domínio do
    homem, o movimento renascentista apregoou um
    naturalismo, que, ao lado da afirmativa do valor
    intelectual do homem e da sua liberdade,
    acentuou, também, o valor do corpo humano e seus
    prazeres.
  • Em contraste com o ascetismo medieval, a ética
    volta às idéias epicuristas antigas - o bem é o
    prazer e a virtude é uma organização de prazeres.

8
  • Na mesma época, procurou-se fundamentar o Estado
    em princípios universais, comuns à toda
    humanidade e não decorrentes de princípios
    religiosos é o jusnaturalismo que organiza
    politicamente o Estado, a partir de princípios do
    direito natural ( imutável e eterno), que são a
    base do direito positivo (mutável conforme as
    circunstâncias históricas).
  • O Estado nasceu do contrato social, segundo o
    qual os indivíduos concordam em limitar sua
    liberdade em prol do bem comum, para que o
    governante possa fazer valer as leis.
  • Da doutrina do contrato social derivaram as
    teorias opostas do absolutismo e do liberalismo
    modernos.

9
  • 2 Filosofia e Ciência no Renascimento.
  • Nos séculos XV e XVI, o aristotelismo, com sua
    dedução silogística e a indução por enumeração,
    ainda dominava o ambiente científico, que
    precisava de um método científico para suas
    elaborações. 
  • A hipótese heliocêntrica (o sol no centro do
    universo), de Nicolau Copérnico (1473-1543),
    comprovada científicamente por Kepler (1571-1630)
    e por Galileu (1564-1642), foi a grande conquista
    científica do século, porque contestou, com base
    científica, a cosmologia aristotélico-ptolomaica,
    que era geocêntrica ( a terra no centro do
    cosmos).
  • Giordano Bruno (1584-1600) alargou o universo ao
    infinito.

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  • A razão é exaltada como única autoridade para
    reconhecer as realidades religiosas, jurídicas,
    políticas e científicas.
  • A confirmação científica da hipótese de Copérnico
    por Kepler e Galileu, as grandes descobertas de
    Galileu e sua teorização e aplicação do método
    experimental fundaram a ciência moderna.
  • Do ponto de vista filosófico, sua metodologia,
    isto é, o método experimental, constituiu-se em
    sua maior contribuição ao pensamento humano.

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  • Podemos resumir o método de Galileu assim 1-
    Observação do fenômeno
  • 2- Análise dos seus elementos
  • 3- Indução ou relação entre os elementos e
    elaboração de hipótese explicativa do fenômeno
  • 4- Dedução ou verificação da hipótese com o
    cálculo e o experimento.
  • Se o resultado do cálculo concordar com o do
    experimento, a hipótese poderá ser considerada
    lei científica.

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  • A física de Galileu é a física da quantidade,
    como a moderna, enquanto que a de Francis Bacon é
    uma física da qualidade, porque procura a
    essência ou qualidade, como faziam os
    escolásticos, só que não do ponto de vista
    metafísico, senão que de uma ótica puramente
    física.
  • O problema do método caracterizou o pensamento
    moderno, como poderemos ver com Bacon, que se
    valeu da indução experimental e com René
    Descartes, que tomou o caminho da dedução
    matemática.
  • Começa nesse ponto a discussão entre o empirismo
    e o racionalismo - ambos preocupados em
    solucionar o problema do conhecimento, ou seja,
    em responder as questões da epistemologia ou
    gnosiologia.

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  • Francis Bacon nasceu em Londres (1561-1626) e
    ocupou altos cargos nos reinados de Elizabeth I e
    James I.
  • Sua frase saber é poder sintetiza muito bem seu
    pensamento o homem é capaz de dominar a natureza
    através do progresso da ciência.
  • A ele interessaram mais as aplicações práticas da
    ciência, a que chamamos técnica, que o saber
    teórico.

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  • Para ele, o método silogístico ou dedutivo de
    Aristóteles não se presta à descoberta das
    coisas somente a indução, que parte da
    observação dos fatos particulares e concretos,
    pode levar à verdade e ao estabelecimento de leis
    gerais.
  • Preconiza o uso da observação e da experimentação
    para conhecermos as causas das coisas e, assim,
    dominarmos a natureza em proveito dos homens - o
    fim da ciência é, portanto, segundo ele,
    pragmático e instrumental.

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  • Em sua obra mais importante o Novum Organum,
    Bacon, além de expor sua teoria sobre como
    destruir as falsas idéias que temos da realidade,
    para, depois, através da indução, chegar as
    causas e leis das coisas, demonstrou sua fé na
    técnica, quando afirmou que as descobertas da
    pólvora, da bússula e da imprensa mudaram o
    aspecto das coisas em todo mundo.
  • Em 1626, Bacon fez experiências para saber quanto
    tempo a carne fica preservada pelo frio,
    recheando uma galinha com neve já velho e fraco,
    expôs-se ao frio do inverno. Teve uma bronquite e
    morreu.

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  • Em seus últimos anos de vida, Bacon escreveu uma
    utopia sobre um Estado imaginário, onde todos são
    felizes porque os sábios que a governam se
    preocupam mais com a técnica e a ciência, que
    podem oferecer vida boa aos cidadãos, do que com
    os problemas econômicos e sociais.

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  • A Nova Atlântida - que recebeu esse nome para se
    contrapor à Atlântida mencionada por Platão na
    República (contrapondo ainda o rei-cientista ao
    rei-filósofo de Platão), como o Novo Organum, se
    contrapôs ao Organum de Aristóteles - é um
    clássico da língua inglesa e oferece uma visão
    profética a ciência é uma obra coletiva,
    necessitando de muitos pesquisadores que recolham
    material para ser analisado pelos especialistas
    a ciência não pode ser feita a priori, a partir
    de afirmações teóricas, mas sim, a partir de
    contato com os fenômenos reais, através da
    investigação empírica a ciência tem finalidade
    essencialmente prática, como curar doenças e
    aumentar a longevidade e fabricar máquinas de
    vários tipos, inclusive para voar e navegar sob a
    água.

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  • Galileu havia descrito as duas etapas do método
    experimental indução e dedução
  • Bacon dedicou-se à indução subordinando à ela a
    dedução - a ciência deve ser feita pela
    observação e pela experimentação, isto é, deve
    partir de casos particulares para chegar às
    generalizações
  • Descartes considera a dedução superior à indução,
    buscando na razão a certeza científica. O que
    nada mais era do que dois momentos do método
    experimental, foi visto como dois métodos, duas
    fontes de conhecimento.
  • Encontramos aí a origem das duas correntes do
    pensamento moderno o empirismo inglês (Hobbes,
    Locke, Berkeley e Hume) e o racionalismo
    (Dercartes, Malebranche, Espinosa e Leibniz). 

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  • René Descartes (1596-1650) nasceu na França e
    iniciou o racionalismo moderno. O século XVII foi
    um século de incertezas - urgia que se
    encontrasse um método que levasse a certezas
    científicas, isto é, o método para a ciência.
  • Descartes voltou-se para a matemática, porque as
    humanidades não traziam certezas e, ainda
    pautadas nos comentários dos antigos,
    especialmente Aristóteles, não ofereciam
    utilidade prática.

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  • As propostas da matemática lhe pareceram estar
    acima do ceticismo, porque tratavam de resultados
    que se mantinham válidos através do espaço e do
    tempo.
  • Constatou, porém, que se aplicavam mais à
    mecânica e não traziam nada de fundamental para a
    vida humana.
  • Resolveu, então, como Demócrito, dedicar-se a
    submeter o universo aos números, porque
    acreditava existir uma correspondência entre as
    leis do universo e as da matemática

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  • Utilizou-se do método dedutivo, para, através da
    razão, construir a ciência como descreveu em seu
    Discurso sobre o Método, começou por duvidar de
    tudo, mesmo das idéias que nos parecem evidentes,
    as idéias claras e distintas, aquelas que são
    iguais para todos - é a dúvida metódica todos os
    conhecimentos são considerados provisoriamente
    falsos.
  • Daí nasce uma certeza cintilante se eu não
    existisse, não poderia estar enganado sobre tudo
    eu penso, me engano e duvido - se duvido, penso
    e, se penso, existo - Cogito, ergo sum - penso,
    logo existo.

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  • Tenho a intuição clara e distinta do meu ser,
    este ser que existe separado do meu ato de
    pensar. O pensar, ou cogito, me dá o critério da
    evidência, isto é, que é verdadeiro tudo aquilo
    de que eu tenho um conhecimento claro e distinto
    como o conhecimento do meu eu. Não se deduz a
    existência pelo raciocínio, mas ela é captada
    imediatamente no pensar.
  • Como nos diz Descartes ...enquanto eu queria
    assim pensar que tudo era falso, cumpria
    necessariamente que eu, que pensava, fosse alguma
    coisa.

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  • E notando que esta verdade eu penso, logo
    existo, era tão firme e tão certa, que todas as
    mais extravagantes suposições dos céticos não
    seriam capazes de a abalar, julguei que podia
    aceitá-la, sem escrúpulo, como o primeiro
    princípio da Filosofia que procurava. 
  • A dúvida inicial e metódica, que invalida todo
    conhecimento não investigado pela razão, é a
    marca do racionalismo moderno.
  • Para entender todo o desenvolvimento ulterior do
    pensamento europeu é fundamental que entendamos
    seu ponto de cisão com o pensamento anterior a
    filosofia deixa de ser a ciência do ser
    (metafísica) e se transforma na ciência do pensar
    e do conhecer (gnosiologia ou epistemologia). 

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  • Do cogito, Descartes parte para a idéia de Deus,
    que, para o autor, é inata, é como uma marca que
    Deus gravou na consciência do homem. Se sou
    imperfeito e limitado, não posso ser a causa do
    meu ser, ou teria dado a ele todas as perfeições
    - se tenho a idéia de um ser perfeitíssimo,
    infinito e criador, não O posso ter criado eu,
    ser finito e imperfeito, nem mesmo posso ter
    criado a idéia que tenho dele foi Ele quem a
    gravou em mim donde, Deus existe. Se temos a
    idéia de um Deus perfeitíssimo é porque Ele
    existe, uma vez que a idéia de perfeição absoluta
    inclui a existência, como perfeição. Quando penso
    num ser perfeitíssimo, automaticamente, penso
    nele como existente.

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  • Além da idéia de Deus, Descartes considera inatas
    todas as idéias originárias, como os princípios
    lógico-matemáticos, as noções morais, etc. Quando
    o homem erra, é porque sua vontade livre o leva a
    emitir julgamentos, quando o que está sendo
    julgado não é racionalmente evidente. Assim, o
    erro nunca deriva de Deus ou do intelecto humano.
  • Para provar a realidade do mundo físico,
    Descartes torna a apelar para Deus se vejo a
    realidade sensível é porque ela existe, porque
    Deus não iria me enganar, uma vez que Ele é a
    verdade e a bondade (le bon Dieu). Isso não quer
    dizer, porém, que as coisas são tal e qual eu as
    percebo pelos sentidos estes só têm utilidade
    prática, dando a conhecer o que é útil e prático
    e não, necessariamente, o que é real as idéias
    das coisas devem ser captadas pelo intelecto -
    além de por suas qualidades sensíveis, por suas
    qualidades inteligíveis.

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  • A alma distingue o homem dos animais apenas ele
    possue corpo e alma. A alma é capaz de ações e
    paixões - o homem deve aprender a superar as
    paixões pela razão (sabedoria) para ser dono de
    sua liberdade.
  • Embora a idéia de uma matemática universal
    supusesse o ideal de uma sabedoria racional, que
    pudesse orientar a vida, Descartes achou
    necessário propor uma moral provisória, que
    ensinasse a ser feliz.

27
  • Assim, apresenta três regras para o bom
    comportamento
  • 1) Obedecer às leis e costumes do país, conservar
    a religião tradicional e vincular-se às opiniões
    mais moderadas
  • 2) ser firmes e resolutos na ação, mantendo sua
    opinião, desde que resolvidos a tanto
  • 3) esforçar-se por vencer-se a si mesmo mais do
    que submeter-se ao destino e por modificar seus
    próprios pensamentos mais do que a ordem do
    mundo.
  • Somos livres, quando, para afirmar ou negar,
    seguir ou fugir das coisas que o intelecto nos
    propõe, agimos de modo a não seguir nenhuma força
    exterior que nos obriga. É fácil notar a
    influência estoica na moral cartesiana.

28
  • Descartes abraça o dualismo metafísico que
    levanta problemas de difícil resolução de como
    espírito e matéria, duas substâncias
    heterogêneas, se relacionam e interagem e de como
    as substâncias finitas têm realidade frente a
    Deus, que é substância infinita.

29
  • No que diz respeito à metafísica, Descartes,
    supondo a existência das idéias inatas,
    inclina-se para o idealismo e, em consequência,
    aproxima-se de Platão e Santo Agostinho por
    isso, muitos autores de influência agostiniana se
    dizem cartesianos. Quanto ao método dedutivo, é
    inegável sua herança aristotélica.

30
  • A Difusão do Cartesianismo Malebranche e Pascal
    e Espinosa.
  • As idéias de Descartes, ainda durante sua vida,
    suscitaram muita polêmica. Seu pensamento foi o
    mais importante do século repercutiu por toda
    Europa e transformou-se em moda na alta sociedade
    da França.
  • Apesar da oposição dos jesuítas e dos
    protestantes, que acreditavam ser a liberdade de
    investigação perigosa para a religião, o
    cartesianismo influenciou o desenvolvimento do
    pensamento subsequente, destacadamente com
    Malebranche, Pascal e Espinosa.

31
  • O francês Nicolas Malebranche (1638-1715) foi o
    sistematizador do chamado ocasionalismo - o corpo
    e a alma não interagem - o corpo, nas sensações,
    não age sobre a alma, assim como ela, nos atos de
    vontade (volições), não age sobre o corpo ambos
    não produzem a sensação e a volição, mas são
    ocasiões para que Deus (única causa eficiente) as
    produza.
  • Uma bola em movimento, que bate noutra, não é a
    causa do movimento da primeira (seria preciso
    algo que lhe tivesse imprimido movimento e assim
    por diante), mas apenas ocasião para que Deus
    faça acontecer sua vontade.
  • Em sua obra principal - Recherche de la Verité -
    ensina que não há comunicação entre a mente e o
    corpo e que, portanto, a mente não pode conhecer
    diretamente o mundo.

32
  • Em Deus existem as idéias de todos os seres como
    estamos diretamente unidos a Ele pela nossa alma,
    é através da intuição da mente de Deus que vemos
    os modelos das coisas criadas por Ele, que se
    ordenam por leis. Como nos diz Malebranche, se
    não víssemos Deus, não veríamos nada.
  • Blaise Pascal, (1623-1662), filósofo e
    cientista, (descobridor do vácuo físico) fez a
    primeira crítica ao conceito de razão cartesiano,
    que a supunha infinita e absoluta.

33
  • Para ele o conhecimento humano não pode ser
    perfeito, porque a verdade, infinita, ultrapassa
    a capacidade finita da razão humana.
  • Para ele, o esprit de finesse, a razão do
    coração, é uma intuição direta que não é racional
    e que permite conhecer muito além do que a
    dedução pode ensinar.
  • O homem deve ser humilde em reconhecer seus
    limites racionais e, com Agostinho, ensinou que
    nessa consciência dos limites da razão está a
    nobreza do homem.
  • Reconhecer essa limitação, oriunda do pecado
    original, e saber que apenas a graça divina
    poderá, com auxílio do sobrenatural e com o
    concurso da vontade humana, nos restituir a
    grandeza anterior ao pecado, depende do esprit de
    finesse, que deve ser adaptado a cada indivíduo,
    uma vez que, como ele acentuou, somos uns
    diferentes dos outros. 

34
  • Como diz Sciacca, Descartes fornece as regras do
    método para construir a ciência e a filosofia
    racional, o sistema da razão que, separada da fé,
    se e quando pode, não cogita de Deus Pascal
    procura as regras do método para esclarecer o
    homem a si mesmo e construir uma filosofia
    cristã, fundamento racional da fé.
  • Dois homens e dois métodos no limiar do
    pensamento moderno a antítese nos ocupa ainda
    hoje. Ele foi o primeiro pensador que, nos seus
    Pensées, nos primórdios do modernismo, tentou
    fazer, através do método do coração, uma nova
    síntese entre fé e ciência.

35
  • Baruch Espinosa, (Amsterdam, 1631-1677), filho de
    judeus portugueses, mesmo aceitando o método da
    dedução matemática de Descartes, considerou toda
    a filosofia como ética, como forma de agir, como
    religião racional e não como ciência.
  • Para ele, Deus e a natureza se identificam não
    existem vários seres, mas apenas uma única
    Substância, Deus, que não existe separado do
    mundo (monismo) - todo modo (forma individual dos
    seres) sai da Substância necessariamente, como os
    lados do quadrado saem do próprio quadrado Deus
    é causa nos seus efeitos (causalidade imanente)
    não é, portanto, causa externa do mundo, porém
    causa imanente. Deus é a própria ordem necessária
    e geométrica.
  • Como em Plotino e nos néo-platônicos, liberdade e
    necessidade se identificam a liberdade de Deus
    consiste na necessidade que Ele tem de se
    desenvolver espontaneamente e não em poder
    escolher um modo ou outro de se determinar. Não
    há finalidade na sua causalidade, a não ser seu
    próprio absoluto desenvolvimento.

36
  • Sua visão da filosofia como ética pode ser
    entendida a partir dos três estágios do processo
    prático-cognitivo que ele distinguiu
  • a) conhecimento sensitivo, pelo qual o homem
    conhece as coisas individuais - é imperfeito e
    seu aspecto prático é a paixão o homem quer
    dominar as coisas como se as possuísse - é o
    estado da escravidão
  • b) conhecimento racional, que entende as coisas
    em suas ligações de causalidade - é a ciência,
    que livra da paixão e contempla e aceita a ordem
    universal, passiva e imperturbavelmente (apatia
    estóica).
  • c) conhecimento intuitivo, grau supremo do
    conhecimento, além da razão, que intui os seres
    emanando de Deus - livres do tempo, quantidade e
    número, chega-se ao amor intelectual de Deus- do
    processo geométrico descendente da Substância
    Absoluta à multiplicidade, faz-se o processo
    ascendente inverso da multiplicidade ao Absoluto,
    onde todas as coisas se anulam no mar infinito do
    ser. A unidade é encontrada além da razão, na
    intuição, que é supra-racional.

37
  • Ambos, Pascal e Espinosa, procuraram resolver
    pela teologia os problemas deixados por
    Descartes a proposta de Pascal foi teísta, isto
    é, admitiu a transcendência de Deus a de
    Espinosa foi panteísta, negando a revelação
    divina e a transcendência de Deus, resolvendo a
    religião na filosofia, situando-se, assim, como
    um filósofo racional perfeito.
  • Para ele, Deus é a natureza e o anseio dos homens
    de eternidade, nada mais é que o desejo de se
    dissolver na Substância.
  • As idéias de liberdade e de pessoa são vistas por
    ele como ignorância - pensamos que somos livres
    porque não conhecemos as causas de nossas ações
    acreditamos ser pessoas reais porque não sabemos
    nos ver como emanações da Substância Absoluta.
  • O Deus de Espinosa, como em Plotino e nos
    estóicos, não é o Deus da religião é a razão
    divinizada, o que faz de Espinosa um teórico da
    religião natural. Seu panteísmo influencia, até
    hoje, os que pretendem uma religião absolutamente
    racional, que não se baseie em dogmas e
    revelações divinas
  •  

38
  • Quanto ao aspecto político, acreditou que o
    direito de natureza se identifica com o direito
    natural nem todos chegam ao estágio de
    conhecimento natural que permite fazer o que é de
    interesse comum - nasce, então a necessidade do
    governo para impor a obediência às leis -
    passa-se, assim, do direito natural ao direito
    positivo.
  • O governo deve ser constitucional, com
    representantes eleitos, para que o governante não
    sobreponha seus interesses ao interesse público.
    Como vemos, Espinosa foi um teórico do
    liberalismo político.

39
  • O Desenvolvimento do Empirismo Hobbes e Locke
    (sécs.XVII-XVIII)
  • Thomas Hobbes (1588-1679) nasceu na Inglaterra e
    foi influenciado pelo racionalismo de Descartes,
    com quem polemizou e pelo empirismo de Bacon, de
    quem foi secretário, além de Galileu, com quem se
    encontrou na Itália.
  • As idéias de Descartes e Bacon, opostas e
    conflitantes, foram fundamentais para a superação
    da escolástica medieval e para uma nova visão da
    natureza e do homem.
  • A obra de Hobbes se constituiu num ponto de
    contato entre o racionalismo e o empirismo, algo
    como uma síntese de ambos. 

40
  • Embora racionalista, Hobbes discordou de
    Descartes, afirmando que a frase penso, logo
    existo supõe algo que pense e que uma coisa que
    pensa é uma coisa corporal.
  • Contra o dualismo de Descartes, que afirma
    existirem duas substâncias, a material e a
    espiritual, Hobbes externa seu materialismo
    dizendo que o sujeito que pensa é corporal.
  • E acrescenta que diremos agora, se talvez o
    raciocínio não for outra coisa senão uma reunião
    e encadeamento de nomes, pela palavra é? De onde
    se segue que, pela razão, nada concluímos quanto
    à natureza das coisas, mas só quanto às suas
    denominações, isto é, pela razão vemos apenas se
    reunimos bem ou mal os nomes das coisas, segundo
    as convenções que, de acordo com nossa fantasia,
    tenhamos feito quanto aos seus significados.

41
  • Esse texto bem demonstra o nominalismo de Hobbes,
    que reduziu os conceitos a meras palavras.
  • E ainda continua Se isso é assim, como parece
    ser, o raciocínio depende de nomes, os nomes
    dependem da imaginação e a imaginação, talvez, (e
    isso segundo o que sinto), dependerá dos órgãos
    corporais e, assim, o espírito não será outra
    coisa senão um movimento em certas partes do
    corpo orgânico.

42
  • Para Descartes, o movimento explica as
    substâncias, suas propriedades e as
    transformações da matéria - esse mecanicismo
    explica, porém, somente o mundo material, mas não
    o mundo espiritual (intelectual, psicológico,
    etc.).
  • Para Hobbes, o mecanicismo explica tudo as
    modificações se devem ao movimento de corpos
    modificados - existir é existir no espaço, é ser
    um corpo em movimento.
  • E ele estende o mecanicismo ao espírito - os
    sentidos, afetados pelo movimento de corpos
    exteriores, transmitem-no ao cérebro e daí ao
    coração, onde se iniciaria um movimento de reação
    em sentido inverso - o início dessa reação seria
    a sensação a sensação é o princípio do
    conhecimento dos próprios princípios, e a ciência
    dela deriva inteiramente.

43
  • A ciência seria feita a partir de nomes dados aos
    elementos percebidos pelas sensações, que se
    somam - essa soma levaria à ciência que seria o
    conhecimento das consequências de uma palavra à
    outra.
  • Resumindo, Hobbes acreditou que o conhecimento
    humano se origina dos entrechoques de corpos que
    vêm de movimentos exteriores e que, através dos
    sentidos chegam ao espírito (que é um corpo tênue
    e sutil) esses movimentos associam-se uns aos
    outros e se organizam como ciência. 

44
  • John Locke, (1632-1704), também inglês, foi um
    dos maiores representantes da cultura inglesa de
    seu tempo - a época do Iluminismo.
  • Foi um pensador liberal, racionalista em religião
    e, como foi comum entre os pensadores ingleses (o
    metafísico de vida solitária se encontra mais na
    França, na Itália e, principalmente, na Alemanha,
    mas não na Inglaterra), um homem de ação
    preocupado com sua profissão (medicina), com a
    política, a fisiologia e a educação. 

45
  • Sua filosofia investigou o campo da gnosiologia
    (epistemologia) abordando o problema crítico do
    conhecimento.
  • Ele partiu da crítica do intelecto humano, que é
    a fonte de todo conhecimento, para conhecer seus
    limites e a sua extensão.
  • Então, nessa filosofia que pretende, longe das
    indagações metafísicas, conhecer o processo
    cognoscitivo, ele indagou, basicamente, sobre 1)
    a origem e 2) o valor do conhecimento - essas são
    as duas linhas mestras do seu pensamento.
  • Em sua obra, Ensaio sobre o Entendimento Humano,
    ele criticou a doutrina das idéias inatas,
    admitida na época por Descartes, pelos
    cartesianos e pelos néo-platônicos ingleses.

46
  • Segundo ele, não existem tais idéias (princípios
    morais, a idéia de Deus, etc.), uma vez que as
    crianças, os selvagens e os ignorantes não as
    possuem além disso, em culturas, épocas e
    lugares diversos, elas são também diversas,
    donde, não são universais e, se o fossem, não
    teriam serventia, pois se pode chegar a um bom
    conhecimento das coisas pela experiência (por
    ex., saber que doce não é amargo). 

47
  • Locke comparou a alma humana, na hora do
    nascimento, a uma tabula rasa, algo como uma
    folha de papel em branco, onde nada ainda foi
    escrito.
  • Através da experiência, essa página,
    gradualmente, vai sendo escrita, isto é, a mente
    humana vai acumulando conhecimentos, idéias,
    todas originárias da experiência.
  • Assim, todo nosso conhecimento tem origem na
    experiência. Há dois tipos de experiência
  • 1) a sensação (percepção externa), que dá as
    idéias dos objetos externos, como cor, som,
    cheiro etc., isto é, as idéias das coisas.
  • 2) A reflexão ( percepção interna) que nos dá as
    idéias dos nossos atos espirituais (julgamentos,
    crenças etc., isto é, as idéias do eu).
  • Esses dois tipos de idéias, que o intelecto
    recebe passivamente, são chamadas por Locke de
    idéias simples, que vêm de experiências
    concretas, como frio, quente, doce, amargo,
    branco, azul, etc.
  •  

48
  • O indivíduo, então, pela atividade do seu
    intelecto, une essas idéias formando idéias
    conjuntas, como as de substância (várias idéias
    simples que levam à noção do substrato de uma
    coisa, por ex. ouro duro, amarelo, etc.), de
    modos (propriedades das coisas), e de relações
    (distinção entre duas idéias maior-menor,
    causa-efeito etc.).
  • O intelecto também é responsável pelas idéias
    gerais, formadas por abstração e pelas idéias da
    reflexão, ou do sentido interno.

49
  • Tendo discutido a origem das idéias, Locke se
    empenhou em estabelecer o valor do conhecimento
    O que podemos conhecer? Quando o conhecimento é
    verdadeiro? 
  • Vamos entender seu pensamento a partir do que ele
    diz no Ensaio É evidente que o espírito não
    conhece as coisas imediatamente, mas apenas por
    intermédio das idéias que delas tem.
  • A idéia é intermediária entre nós e as coisas.
    As idéias não são verdadeiras nem falsas - sua
    verdade ou falsidade dependerá do acordo ou
    desacordo entre as idéias, o que pode ocorrer de
    dois modos
  • 1) esse acordo ou desacordo é percebido
    imediatamente com evidência, e teremos a verdade
    intuitiva, que não precisa ser demonstrada (ex.
    22 4, ou alto não é baixo),ou
  • 2) o acordo ou desacordo entre as idéias não é
    percebido imediatamente - embora baseado em
    conhecimentos intuitivos, nesse caso, nosso
    intelecto recorre a idéias intermédias e temos,
    então, a verdade por demonstração (as idéias
    matemáticas, as morais etc.), que são construídas
    pela nossa mente.

50
  • Mas, perguntou Locke, se apenas conhecemos as
    idéias, será que elas correspondem à verdade das
    coisas ? Responde afirmativamente, apenas para a
    certeza (intuitiva) de nossa própria existência,
    para a certeza (demonstrativa) da existência de
    Deus e para a certeza da sensação relativa às
    idéias simples e, mesmo assim, apenas enquanto
    dura a sensação - se me queimo, só tenho certeza
    da existência do fogo, enquanto durar o ardor
    depois, o fogo existirá ou não.

51
  • As idéias conjuntas, sendo formadas pelo
    intelecto, não têm valor objetivo. São apenas
    nomes que usamos para dar nome e classificar as
    coisas assim, o autor deixou claro que, para
    ele, as proposições universais da ciência têm
    apenas valor prático e nada têm a ver com a
    verdade das coisas - são invenções da nossa mente
    que se referem apenas a palavras ou idéias e não
    às próprias coisas. Vemos aí, bem evidente, o
    nominalismo de Locke.
  • Quanto às substâncias, o autor admitiu sua
    existência, mas assinalou que não podemos
    conhecê-las - apenas suas qualidades poderão ser
    conhecidas através da pesquisa experimental. 

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  • Para Locke, as idéias são imagens que se originam
    na sensação, não sendo exemplares inteligíveis
    (como no idealismo ontológico platônico-agostinian
    o).
  • Assim, só conhecemos da realidade essas idéias ou
    imagens que os sentidos nos oferecem (empirismo)
    a realidade é o conteúdo de nossa consciência
    subjetiva ou empírica cuja ligação com as coisas
    em si desconhecemos.
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