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Marta Vaz Couto

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Title: Imigra o Author: Marta Couto Last modified by: Fran oise Created Date: 3/11/2006 8:05:15 PM Document presentation format: Apresenta o no ecr – PowerPoint PPT presentation

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Transcript and Presenter's Notes

Title: Marta Vaz Couto


1
Marta Vaz Couto
  • Imigração
  • e
  • Extrema Direita
  • na União Europeia

2
Imigração
  • movimento de entrada, com ânimo permanente ou
    temporário, e com a intenção de trabalho ou
    residência, de pessoas de um país para outro
  • fluxos contínuos de seres humanos que resultam
    profundas desigualdades no desenvolvimento entre
    os países
  • reflecte no crescente número de imigrantes
    clandestinos nos países mais ricos. Este drama é
    particularmente sentido, na União Europeia

3
Imigração na União Europeia
  • Na União Europeia, as leis sobre imigração e
    asilo político variam muito de país para país,
    embora a tendência seja para a sua uniformização.
  • A maioria está a estabelecer um sistema de
    "quotas", assim como a estabelecer um processo de
    selecção dos imigrantes, nomeadamente através de
    prestação de "provas" pelos candidatos
    (conhecimento da língua, da cultura, etc). A
    tendência é a crescente criar um sistema
    selectivo que privilegie a imigração de
    mão-de-obra qualificada, à semelhança do que faz
    os EUA ou a Austrália.

4
Imigração na U.E.
  • Desde 2001 que, na EU, os diversos países têm
    vindo a reforçar os sistemas de controlo à
    imigração ilegal.  
  • Ainda assim, em 2004 entraram na UE, cerca de 1,4
    milhões de imigrantes legais
  • Estima-se que mais de 3 milhões de imigrantes
    vivam clandestinamente na UE. Entre 800 mil e 1,2
    milhões em Espanha, cerca 750 mil na Alemanha,
    meio milhão em França, 250 mil em Itália e na
    Holanda, mais de 100 em Portugal. Na Grã-Bretanha
    o seu número ascende a largas centenas de
    milhares. A maior parte destes imigrantes são
    procedentes do norte de África, Turquia, Índia,
    Paquistão, África subsahariana e dos balcans.

5
Imigração na U.E.
  • O população da União Europeia aumentou devido à
    imigração.
  • A União Europeia a 31 de Dezembro de 2001,
    segundo a Eurostat contava com 379,4 milhões os
    habitantes (377,9 milhões no ano anterior).
    Calcula-se que mais de 70 deste crescimento se
    tenha ficado a dever ao fluxo migratório para os
    15 países que compõe actualmente a UE.
  • Espanha, Itália, Alemanha e Reino Unido foram os
    países que, em termos absolutos, mais imigrantes
    receberam em 2001.

6
Imigração na U.E
  • Nas contas que relacionam a emigração com a
    população total, Portugal surge com uma das mais
    elevadas taxas migratórias (4,9 por mil
    habitantes), apenas ultrapassado pelo Luxemburgo
    (9,0), Espanha (6,2) e Irlanda (5,2). 
  • O crescimento natural da população (nascimentos
    menos mortes) da UE foi de 410 mil pessoas, o que
    significa um ligeiro aumento relativamente aos
    anos anteriores. Também neste caso, este aumento
    se ficou a dever aos imigrantes.

7
Imigração na U.E.
  • Observatório Europeu do Racismo e da Xenofobia
    tem vindo a denunciar o aumento dos casos de
    violência racial e de discriminação em todos os
    países da UE. De acordo com este Observatório, as
    principais razões para o aumento da xenofobia,
    devem-se principalmente ao medo do desemprego,
    insegurança em relação ao futuro, e ao mal estar
    generalizado sobre as condições sociais e as
    políticas dos governos.

8
Imigração na U.E.
Alemanha Desde a 2ª. Guerra Mundial que a
Alemanha se tornou no principal destino da
imigração na Europa. Os seus 7,3 milhões
imigrantes constituíam em 2003 cerca de 9 da
população total. O principal grupo imigrantes é
originário da Turquia (cerca de 2 milhões).
Calcula-se que 750 mil imigrantes vivam neste
país em situação irregular.
9
Alemanha
  • Em 2000 entrou em vigor a lei da dupla
    nacionalidade. Esta lei procura promover a
    integração da segunda e terceira geração de
    imigrantes. Os imigrantes clandestinos que são
    detidos são expulsos de imediato e postos na
    fronteira. A Alemanha estabeleceu convénios com
    os países vizinhos de forma a expulsar do seu
    território todos aqueles que nele tentam entrar
    ilegalmente. Se o imigrante não leva documentos,
    os procedimentos burocráticos podem levar meses,
    porque primeiro se tem que estabelecer a
    identidade do detido. O imigrante clandestino
    pode recorrer aos tribunais, para contestar a
    decisão do Estado o expulsar. À semelhança do que
    ocorreu em outros países da UE, no início do novo
    milénio, aumentou significativamente o tráfico de
    mulheres para a prostituição e de mão-de-obra.
  • Em 2005, uma nova lei da imigração mais
    restritiva que a anterior, procura dificultar a
    entrada de imigrantes sem qualificações
    profissionais. Pretende-se também reforçar o
    sistema de integração, nomeadamente pelo ensino
    da língua e da cultura alemã.  

10
Áustria
  • Os imigrantes constituem 9,8 da população. Em
    cada ano, uma ordem administrativa estabelece a
    quota para a admissão de cidadãos de países
    terceiros, isto é, não residentes na UE. Em 2000
    este número foi limitado a um máximo de 7.86
    pessoas. A lei austríaca permite que os
    estrangeiros residentes possam reunificar as suas
    familias. No entanto, as pessoas que desejam
    unir-se com os seus familiares, estão submetidas
    a uma cota fixada pelo Estado.
  • Durante 2000, a Áustria foi objecto de sanções
    por parte da UE devido a atitudes de membros do
    seu governo contra os direitos humanos. Um lei
    recente impôs a obrigatoriedade da aprendizagem
    do alemão a todos os imigrantes não
    comunitários. 

11
Bélgica
  • Os imigrantes constituíam 8,3 da população. Não
    existem números oficiais sobre o número exacto de
    imigrantes e refugiados que vivem na Bélgica em
    situação irregular, calcula-se que seu número
    varie entre as 50.000 e as 75.000 pessoas. Nos
    últimos tempos a maioria do imigrantes provêm da
    Ucrânia e dos países do centro da Europa, como a
    Eslovénia e a Eslováquia. Até meados de 1999, foi
    um dos países que onde os imigrantes clandestinos
    eram mais durante perseguidos.
  • Uma Lei aprovada em Dezembro de 1999, permitiu a
    muitos milhares de imigrantes e suas famílias
    obterem autorização de residência, depois de
    demonstrarem que viviam no país há pelo menos 6
    anos antes da data limite para legalização (1 de
    Outubro de 1999). O número de anos diminuía para
    5 no caso dos filhos terem idade escolar. Em
    2000, a emigração ilegal cresceu cerca de 60 em
    relação ao ano anterior. 

12
Espanha
  • Em finais de 2004, viviam em Espanha 1.854.218
    imigrantes legais, originários da América Latina
    (600 mil), da UE (478 mil), África (366 mil),
    Leste da Europa (152 mil) e da Ásia (133 mil).
    Para além destes calculava-se que vivam neste
    país, entre 800 mil e 1 milhão e duzentos mil
    imigrantes clandestinos.
  • Este país contava em 2002 com 1.324.000
    imigrantes, os quais representavam cerca 4,7 da
    população (1,9 em 1992). A maioria dos
    imigrantes eram originários de Marrocos, Equador,
    Colombia, Perú, Rep.Dominicana, Filipinas, China
    e Roménia.  
  • Os imigrantes clandestinos trabalham na sua
    maioria na economia paralela e são muito mal
    pagos, vivem e trabalham em condições miseráveis.
    A Espanha é um dos  países da UE com maior número
    de imigrantes clandestinos, os quais são
    escravizados por máfias espalhadas por todo o
    país, em especial na Andaluzia e na região de
    Madrid.

13
Espanha
  • O processo de legalização que ocorreu em 2000,
    permitiu regularizar a situação de apenas 140.000
    imigrantes. Em 2001 o número de imigrantes
    superou todas as expectativas, levando a que
    fossem adoptadas medidas excepcionais de
    contenção.  Em 2005, o governo espanhol lançou um
    novo processo de legalização dos imigrantes
    clandestinos, esperando cerca de 800 mil vejam a
    sua situação regularizada. O processo de
    regularização adoptado está na prática confiado
    às empresas que empregam estes imigrantes
    clandestinos.
  • Um das situações mais dramáticas vividas pelos
    imigrantes na Europa, regista-se no sul de
    Espanha e nas Canárias. Todos os anos muitos
    morrem afogados quando tentam atingir as suas
    costas vindos do Norte de África. Em 2004, a
    Espanha expulsou 120 mil imigrantes clandestinos.

14
Holanda
  • Os imigrantes constituíam em 2000 cerca de 4,1
    da população. Este país tem vivido desde 2003
    numa crescente tensão racial, o que tem provocado
    o adopção de medidas de controlo da imigração, em
    especial a proveniente da Turquia e Marrocos.
  • A nova legislação sobre imigração vai passar a
    exigir que os candidatos conheçam a língua e a
    cultura holandesa.  A imigração clandestina tem
    sido alvo de severas medidas, nomeadamente em
    relação à expulsão. A Holanda tinha em finais de
    2004, cerca 150 mil imigrantes ilegais.

15
Itália
  • Os imigrantes em 2000 constituíam cerca de 2,2
    da população. Existe uma cota anula para a
    entrada de imigrantes extracomunitários. Um
    decreto de 1999 permitiu obter residência
    permanente aos imigrantes com mais de 5 anos de
    residência legal no país. Para os clandestinos a
    Lei prevê a criação de centros de acolhimento,
    até serem repatriados. Quando isto não é possível
    ficam em liberdade.  Em 2000 o número de
    imigrantes que se fixou em Itália aumentou cerca
    de 13,8. Actualmente vivem em Itália cerca
    de 1.270.000 imigrantes extracomunitários.
  • Em 2001, o governo italiano estabeleceu um
    sistema de "quotas" para a imigração. A afim de
    regularizar a situação, em 2002, foram
    legalizados 635 mil imigrantes. 

16
Grã-Bretanha
  • Os imigrantes constituíam em 2001 cerca de 4 da
    população. 39 destes imigrantes são originários
    de países da União Europeia. Os asiáticos
    constituem depois o grupo mais significativo,
    destacando-se entre eles os originários do
    Bengladesh, Paquistão e Índia. 
  • Este país introduziu medidas muito selectivas em
    relação à concessão do estatuto de asilados.

17
Grã-Bretanha
  • Em 2000 cerca de 10 dos imigrantes foram
    devolvidos aos seus países de origem, porque os
    seus pedidos de asilo se deviam à falta de
    emprego no seus locais de origem. Em Março deste
    mesmo ano o Governo Britânico anunciou que
    expulsaria os imigrantes que explorassem os seus
    filhos pela mendicidade. As ajudas do governo são
    para os imigrantes conseguirem trabalho e
    habitação e aprendizagem  da língua inglesa.
    Nesse ano regularizou a situação de 30.000
    refugiados que haviam solicitado asilo. Contudo,
    não regularizou os imigrantes ilegais por motivos
    económicos que ascendem a mais de 50.000.

18
Luxemburgo
  • 114 imigrantes por cada 1.000 habitantes (dados
    de 2001). Os refugiados não têm o direito de
    trazerem as suas famílias. Existem um rigoroso
    controlo fronteiriço para evitar a entrada de
    clandestinos, embora cerca de 70 do crescimento
    demográfico deste país se deva à chegada de
    imigrantes.

19
Finlândia
  • Os imigrantes em 2001 constituíam cerca de 1,7
    da população. A maioria dos seus imigrantes são
    originários dos países da ex-União Soviética.

20
Portugal
  • Os imigrantes constituem cerca de 5 da população
    total e 11 da população activa. A maioria do
    imigrantes são originários da Ucrânia, Cabo
    Verde, Brasil e Angola. Portugal foi na União
    Europeia o país que sofreu a mais rápida e
    profunda alteração em termos migratórios.
  • O Estado português ainda não tomou medidas
    adequadas para assegurar a educação dos filhos
    dos imigrantes. A maioria dos imigrantes
    clandestinos trabalha em actividades irregulares,
    vivem e trabalham em condições deploráveis,
    recebendo salários muito inferiores aos
    estabelecidos na lei.

21
Portugal
  • Os imigrantes têm o direito de trazer as suas
    famílias.
  • Em 2001 o número de imigrantes superou todas as
    expectativas, levando o governo a adoptar severas
    medidas de contenção dos fluxos migratórios. Os
    imigrantes só podem entrar em Portugal para
    trabalhar, desde que estejam munidos de uma
    autorização passada nos seus países de origem,
    caso contrário arriscam-se a ser expulsos.

22
França
  • Os imigrantes constituíam em 2001 cerca de 5,6
    da população. A maioria dos seus imigrantes
    actuais são originários de países muçulmanos do
    Norte de África (Argélia, Tunísia, Marrocos,
    etc), e mais recentemente também da Turquia.
  • Em 1990 esta percentagem era de 6,3. Em 1999 a a
    França regularizou 83.000 imigrantes sem papeis,
    cerca de  70 dos clandestinos. Os que não viram
    regularizada a sua situação, ou foram expulsos,
    ou vivem numa situação muito precária. Entre 1991
    e 1997 ocorreram muitas expulsões. Em 1997, foram
    deportados, por exemplo, 7.200 imigrantes. As
    autoridades francesas recorreram  muitas vezes a
    voos "charter", prática actualmente abandonada.
    Durante  o ano de 2000 foram frequentes as
    agressões a imigrantes do norte de África. 

23
França
  • Em 2005, a França vai estabelecer um sistema de
    "quotas", subordinada às necessidades do mercado
    de trabalho. Os partidos de direita defende
    igualmente quotas por nacionalidade ou etnia, de
    modo a evitar a crescente influência da cultura
    muçulmana neste país.

24
O que é a extrema-direita?
  • Direita é o termo geralmente utilizado para
    designar indivíduos e grupos relacionados a
    partidos políticos ou ideais considerados
    conservadores ou liberais, em oposição à Esquerda
  • A partir do século XX, o termo foi utilizado para
    o fascismo (especialmente aqueles que reprimiram
    políticos e movimentos de esquerda), e por
    oposição ao liberalismo clássico, de livre
    mercado (principalmente em sua faceta económica)
  • Definição de extrema-direita convém associar
    três critérios
  • A situação do espaço político (o partido mais à
    direita),
  • A situação ideológica (neofascistas,
    tradicionalistas ou neoracistas)
  • A atitude hostil para com a democracia
    constitucional (associada ao respeito e
    desenvolvimento dos direitos fundamentais).

25
O que é a extrema-direita?
  • Questões um pouco diferentes neonazismo extrema
    direita (o nazismo faz parte da extrema direita,
    mas nem toda a extrema direita é exactamente
    nazista ou neonazista) e o extremismo político
    (que é um fenómeno mais amplo)
  • Diferença entre um partido político, com
    filiados, militantes, slogans e bandeiras, e um
    movimento político mais amplo, principalmente um
    eleitorado, que na maioria das vezes não é parte
    permanente desses grupos e possui características
    diferenciadas.
  • Um outro fenómeno distinto são as gangs, como,
    por exemplo, grupos de skinheads, verdadeiras
    tropas de choque, que por vezes esses movimentos
    produzem. Portanto, nem sempre são as mesmas
    pessoas, nem têm as mesmas características, sendo
    esse movimento, infelizmente, um processo
    múltiplo.

26
Racismo como ameaça ?
  • É consensual a seguinte definição técnica de
    racismo a representação de um povo como inferior
    por razões naturais, independentemente da sua
    acção e da sua vontade. Esta representação é
    feita, naturalmente, por todos aqueles que se
    assumem a si próprios como superiores.

27
Nascimento, expansão, derrota e hibernação
  • O nazifascismo é um movimento que, do ponto de
    vista imediato, está ligado à crise do
    liberalismo e à crise da própria noção de
    progresso nos anos 20, ou seja, encontra um
    grande apoio, uma razão de ser, como resposta a
    toda a agitação social, aos problemas e,
    especialmente, ao triunfo e existência da
    Revolução Soviética no final da Primeira Guerra
    Mundial
  • Ele retoma as tradições conservadoras que vinham
    praticamente desde a derrubada do Absolutismo,
    com as revoluções liberais e burguesas na Europa.
    Representavam forças que se opunham à noção de
    progresso, de razão, à noção iluminista. Mas, uma
    vez que o progresso, o crescimento industrial e a
    sociedade moderna se afirmaram, eles permaneceram
    como filosofias marginais e exóticas.

28
Nascimento, expansão, derrota e hibernação
  • Com a Crise de 29 e seus milhões de desempregados
    no mundo, além de confrontos por toda a parte,
    esses movimentos começam a ganhar uma importância
    e um peso formidável.
  • O artigo do Le Monde Diplomatique, intitulado "O
    triunfo do contra-senso esta de volta o tempo
    dos mágicos", de autoria de Ignácio Ramonet ?
    comparação entre os anos 70 e 80 com os anos 20 e
    30 mostrando o tipo de produção cultural e de
    imaginário político que foi se gerando. A análise
    do autor foi premonitória, pois o que foi
    assinalado, as suas advertências de dez anos
    atrás, acabaram por se cumprir integralmente,
    lamentavelmente.

29
Nascimento, expansão, derrota e hibernação
  • Em 1945, o fascismo foi derrotado, mas não
    eliminado ou vencido definitivamente
  • Com o Plano Marshall, percebe-se uma nova
    tendência nos julgamentos de criminosos de
    guerra, inocentando pessoas, sobretudo grandes
    empresários que haviam sido extremamente activos
    na manutenção desses regimes. Um caso muito
    conhecido é o da família Krupp na Alemanha, onde,
    à medida que se deteriorava o clima internacional
    e a Guerra Fria ia começando, o tom do julgamento
    também se ia alterando e, no final, aqueles que
    apoiaram financeiramente o fascismo acabaram por
    sair ilesos. Essa é uma segunda razão pela qual
    sobrevivem, ainda que em hibernação, factores e
    actores que propiciaram a existência do fascismo
    depois da Segunda Guerra Mundial.

30
Nascimento, expansão, derrota e hibernação
  • Durante os "anos dourados" (os anos 30) partidos
    de extrema-direita tinham uma composição etária
    curiosa. Eram formados por pessoas acima de 60
    anos (nazis no passado) e depois seguia-se a
    faixa de pessoas de meia idade abaixo, uma ampla
    base social de jovens entre dezasseis e vinte e
    quatro anos.
  • As pessoas que tinham vivido a desnazificação
    tinham uma representação muito pequena, a exemplo
    do Partido Nacional Democrático, na Alemanha. A
    única excepção que deve ser feita nesses países é
    o MSI (Movimento Social Italiano), que continuou
    a manter um partido de massas representativo nas
    eleições e que chegou a fazer parte de uma
    coligação governamental em 1994.

31
Nascimento, expansão, derrota e hibernação
  • Fora essa excepção, normalmente os partidos
    viviam uma vida vegetativa e semi-clandestina
    veteranos de guerra, entre outros, que tinham
    seus clubes e associações e que utilizavam certas
    causas periféricas
  • Por exemplo, as mudanças de fronteira na Europa
    Oriental eram um dos pontos onde essas
    organizações se fixavam, retomando causas
    aparentemente válidas como causas nacionais, para
    manter viva a solidariedade e a actuação desses
    movimentos.

32
O ressurgimento da extrema direita e do neonazismo
  • Estagnação e a regressão demográfica dos países
    do Hemisfério Norte ? anos 70, os fluxos
    migratórios, que desde as grandes navegações eram
    do Norte para o Sul, inverteram-se e passaram a
    ser do Sul para o Norte, a partir de uma
    combinação de dois factores interrelacionados
    um, o problema demográfico em si mesmo outro, a
    reorganização da economia mundial, que fazia com
    que alguns sectores económicos do Primeiro Mundo
    necessitassem de um tipo de mão-de-obra mais
    barata e se fizesse, efectivamente, um apelo a
    vinda de trabalhadores estrangeiros (os turcos na
    Alemanha, magrebinos para a França, indianos para
    a Inglaterra, etc.)

33
O ressurgimento da extrema direita e do neonazismo
  • Imigrantes encarregues de sectores que não tinham
    a margem de lucro suficiente para subsistir. A
    ideia de "invasão dos bárbaros" vai se enraizando
    no espírito dos europeus. Dessa forma, a Europa
    aparece como velho Império Romano em declínio e
    os bárbaros, aqueles de pele morena que vão
    "invadir e conspurcar" os modos de vida que os
    ocidentais detinham. O que impressiona é a força
    com que esta noção é difundida nos países
    europeus e, por vezes, pessoas esclarecidas,
    pessoas de boa orientação política, quando
    confrontadas com certas situações, comportam-se a
    partir desse referencial ideológico.

34
O ressurgimento da extrema direita e do neonazismo
  • O descontentamento da juventude com a sociedade
    de consumo acabou por desencadear, nos anos 60,
    os movimentos de contra-cultura, inicialmente com
    os hippies "cabeludos e pacifistas" (e de classe
    média), que vão ser substituídos por uma versão
    mais popular, os skinheads, que posteriormente
    vão dividir-se e tomar caminhos políticos
    diferenciados. Portanto, há uma presença muito
    grande desse movimento de contra-cultura como
    desencanto com a sociedade de consumo, com a
    sociedade que se centrava na questão do indivíduo
    e do enriquecimento pessoal. Esse vai ser, então,
    um local de recrutamento para as organizações
    fascistas ou neofascistas.

35
O ressurgimento da extrema direita e do neonazismo
  • Tensões sociais vão encontrar uma válvula de
    escape na xenofobia e no racismo, que foi seu
    grande ponto de partida e o seu relançamento. Os
    estrangeiros passam a significar, nesse sentido,
    pessoas que iriam tomar seus empregos, que
    estariam mudando seus modos de vida, introduzindo
    as drogas, a criminalidade, a decadência. Crescem
    os pedidos para rever a política de imigração
    para refugiados políticos, que havia sido uma
    "generosidade" da Europa até aquele momento,
    muito motivada pelo passado nazista. Dessa forma,
    começam a crescer as tensões por todo lado.

36
O ressurgimento da extrema direita e do neonazismo
  • Na França, um partido de extrema direita, a
    Frente Nacional, que procura negar a sua
    identidade neonazista, mas que a todo o momento
    faz referência ao passado do regime de Vichy,
    ganha base de apoio social, a ponto de políticos
    de esquerda, socialistas ou comunistas, serem
    obrigados às vezes, nas suas circunscrições
    eleitorais, a defender políticas restritivas à
    imigração. Os hooligans vão mostrar que -
    efectivamente o futebol vai acabar, na Europa,
    por se tornar uma espécie de "ópio do povo" - é o
    momento de fazer uma catarse social,
    literalmente, espancando os adversários.

37
O ressurgimento da extrema direita e do neonazismo
  • Na Alemanha também há um renascimento muito forte
    da actuação desses grupos, além de outros países.
    Numericamente, estes grupos ainda são pequenos,
    porém extremamente activos.
  • Assim, retoma-se o culto ao militarismo, à
    força, à violência, tudo aquilo que era uma
    bandeira sedutora para certas categorias de
    jovens que a extrema direita utilizava e
    empregava. Os filmes que começaram a ser
    produzidos na década de 80 ver levantamento de
    Ignacio Ramonet são realmente preocupantes.

38
O ressurgimento da extrema direita e do neonazismo
  • Nos anos 90 ? Os neonazistas começam a fazer
    acções, principalmente nos países do Leste
    Europeu, que saem do regime socialista. A
    extrema-direita, o nacionalismo, a xenofobia e as
    ideias neonazistas surgem com vigor em países
    onde até então não havia, de certa forma,
    estruturas e formas de convivência capazes de
    lidar com este fenómeno. Os analistas, então,
    recorreram à uma explicação simplista, culpando o
    comunismo, pouco contribuindo para a real
    compreensão do problema. O que houve nestas
    sociedades foi um colapso absoluto

39
O ressurgimento da extrema direita e do neonazismo
  • A questão da xenofobia, neste contexto, toma-se
    grave. Pesquisas feitas pela União Europeia
    revelaram que quase três quartos dos jovens da
    França não são de origem francesa. A Itália, hoje
    com 60 milhões de habitantes, chegará em 2050 com
    40 milhões, havendo uma redução de 33 da
    população italiana, e parte desta população não
    será etnicamente italiana. Assim, o discurso
    neonazi e racista ganha espaço.

40
O ressurgimento da extrema direita e do neonazismo
  • Segundo Ramonet, "o obscurantismo seduz cada vez
    mais certos espíritos desencorajados pela
    complexidade das novas realidades, chocados pela
    irracional crise económica." Graças a esse
    obscurantismo, já se expandiram através do mundo
    as revoluções conservadoras e os diversos
    fundamentalismos islâmico no Ira, puritano nos
    EUA, católico na França, ortodoxo em Israel, etc.
  • Podem desencadear impulsos destrutivos mais
    graves ? "Nós corremos o risco de ser como o povo
    romano, invadidos pêlos bárbaros que são os
    árabes, os marroquinos, os jugoslavos e os
    turcos", declarou o ministro do Interior belga
    José Michel. "Pessoas que chegam de muito longe
    nada tem em comum com nossa civilização". Ideias
    como esta renasceram em corpos mais jovens e
    tornaram-se mais populares.

41
O ressurgimento da extrema direita e do neonazismo
  • Nos anos 30, Thomas Mann tinha pressentido o
    perigo "o irracionalismo que se torna popular é
    um aterrorizante espectáculo. Sente-se que dele
    resultará fatalmente um mal". O contra-senso
    nutre-se de ignorância e medo, de crença e
    esperança. São os elementos de toda religião, de
    toda superstição.

42
Extrema direita na U.E.
  • As eleições para o Parlamento europeu, de Junho
    de 1994, permitem a avaliação do diferente peso
    dos movimentos de extrema-direita
  • Os partidos mais significativos de
    Extrema-Direita
  • - Itália MSI (Alliance nationale) 12,5
  • - França FN 10,5
  • - Belgique VIB-Vlaams Blok (Bloc flamand) 7,8
    FNb (Front national belge) 2,9

43
Peso dos partidos de extrema direita na U.E.
  • Os partidos menos significativos de
    extrema-direita
  • Allemagne Republikaner 3,9
  • Danemark FRP 2,9
  • Pays-Bas CD 1,0

44
Peso dos partidos de extrema direita na U.E.
  • A extrema-direita muito pouco significativa
    (lt1)
  • Espagne FN (Fuerza Nueva Frente Nacional Blas
    Pinar)
  • Grèce EP (Front national)
  • Portugal PDC (Partido da Democracia Cristiana)
  • Grande-Bretagne BNP (British National Party)

45
Extrema direita na U.E.
  • Comment expliquer que la France, patrie des
    droits de l'homme, pays de l'universalisme, soit
    aujourd'hui le lieu d'Europe où l'extrême droite
    obtient les résultats les plus importants et où
    le racisme s'exprime le plus largement ? Il prend
    des formes diverses dans les discours, les actes,
    les votes, dans les discriminations ou les
    ségrégations spatiales ou sociales. Il est
    violent ou larvé, collectif ou individuel. Il
    peut être actif ou passif, conscient ou
    inconscient. () Sans doute parce que, pour
    beaucoup de Français, la France est menacée, leur
    situation et celle de leurs enfants le sont
    aussi.
  • in Petit dictionnaire pour lutter contre
    l'extrême-droite

46
Problemas em França
  • A crise na indústria, a explosão do modelo
    tradicional do progresso social, o aumento do
    desemprego ? o medo de se encontrarem numa
    situação de desaire, em condições piores que os
    estrangeiros ? xenofobia, rejeição, racismo

47
Imigração e Extrema Direita nos Média
  • União Europeia, 2002
  • Os Quinze aprovaram um conjunto de medidas em
    Sevilha o combate à imigração ilegal, gestão das
    fronteiras externas e estabelecer com países
    terceiros acordos de readmissão em caso de
    ilegalidades. in TSF

48
Imigração e Extrema Direita nos Média
  • União Europeia, 2005
  • Alargamento contra a extrema-direita
  • Em entrevista à revista Times, o chefe da
    diplomacia britânica, Jack Straw, defende que a
    União Europeia deve combater a escalada da
    extrema-direita na Europa com o alargamento.
  • O ministro britânico dos Negócios Estrangeiros,
    Jack Straw, apela ao alargamento da União
    Europeia com o objectivo de combater a escalada
    da extrema-direita na Europa.Nós devemos
    redobrar os esforços para lançar um apoio à
    população visando um suporte ao alargamento da
    Europa, afirmou Straw numa entrevista à revista
    Times.O chefe da diplomacia britânica sublinha
    que uma União Europeia (UE) alargada deve ser
    uma muralha contra o extremismo, adiantando que
    a base da extrema-direita hoje em dia são a
    xenofobia, a geração de medo e de ódio contra os
    que não são como nós.
  • in TSF

49
Imigração e Extrema Direita nos Média
  • Portugal, 2002
  • O ano de 2002 ficou marcado pela participação ?
    inédita durante a vigência do regime democrático
    ? de um partido fascista nas eleições
    legislativas, o Partido Nacional Renovador. Os
    temas recorrentes da propaganda do PNR são o
    combate à imigração, a defesa da segurança dos
    portugueses e da identidade nacional, e a
    rejeição da União Europeia e da mundialização. Em
    cumprimento das leis eleitorais portuguesas, o
    PNR teve direito em igualdade com os outros
    partidos aos tempos de antena emitidos na
    televisão e na rádio, no que constituiu a face
    mais visível da sua propaganda, que de outro modo
    consistiria apenas em cartazes, pichagens de
    paredes e autocolantes. Nos seus tempos de
    emissão, foram constantes as referências às
    ameaças de bandos étnicos de delinquentes que
    pretendem pôr em causa a nossa identidade e
    autoridade e o direito que temos de sermos
    senhores do nosso território a passagem de
    imagens de negros sempre que se abordavam temas
    como a insegurança crónica das cidades ou o
    desemprego, o tráfico de droga e a
    criminalidade o ataque à classe política que
    só se preocupa com os direitos das minorias, dos
    imigrantes, mas ninguém se preocupa com os
    portugueses os depoimentos de pessoas que
    afirmavam não ter votado desde o 25 de Abril, e
    a escolha de monumentos do Estado Novo como
    cenários em alguns tempos de emissão
    radiofónicos, o PNR chegou a defender a
    organização de milícias populares. in
    Relatório Anual do SOS Racismo 2002

50
Imigração e Extrema Direita nos Média
  • Portugal, 2002
  • A 5 de Janeiro um grupo de skins envolveu-se
    numa cena de pancadaria no bar Saloio (Avenida
    24 de Julho, Lisboa) a 19 de Janeiro, sete ou
    oito skins oriundos do Bairro 2 de Maio (Ajuda)
    provocaram uma autêntica batalha campal na
    discoteca Jamaica (Cais do Sodré, Lisboa)
    causando três feridos a 2 de Fevereiro, dois
    ucranianos e um estónio, todos sem-abrigo, foram
    agredidos com tacos de beisebol em pleno dia
    junto de uma superfície comercial de Xabregas
    (Lisboa), por quatro homens que se puseram em
    fuga antes da chegada da polícia a 16 de
    Fevereiro, um grupo de dez skins provocou e
    agrediu várias pessoas no Bairro Alto (Lisboa) a
    18 de Fevereiro, agrediram novamente
    frequentadores do bar Jamaica, tendo na mesma
    noite sido registada uma agressão no bar
    Gringos (Avenida 24 de Julho, Lisboa) a 23 de
    Fevereiro, na Portela (Lisboa), vários jovens
    foram agredidos por skins dos Olivais e da
    Portela a 9 de Março, dois candidatos do Bloco
    de Esquerda à Assembleia da República foram
    agredidos sendo um deles esfaqueado por oito
    skins quando colavam cartazes na Calçada da
    Tapada (Alcântara, Lisboa) in Público

51
Imigração e Extrema Direita nos Média
  • Áustria, 2005
  • Joerg Haider, líder histórico da extrema-direita
    austríaca, foi eleito, ontem, em Salzburgo,
    presidente da Aliança para o Futuro da Áustria
    (BZOe), criada após uma cisão do seu anterior
    partido, o FPOe. A eleição - de braço no ar -
    foi marcada pela unanimidade dos 564 delegados
    presentes no congresso inaugural, tendo-se
    registado apenas uma abstenção.
  • in Le Monde

52
Imigração e Extrema Direita nos Média
  • Suíça, 2005
  • Governo estabelece um novo programa de retorno
    para os imigrantes de Magreb
  • O Governo da Suiça ampliará a ajuda para aqueles
    solicitantes de asilo do Norte da África que
    decidam voluntariamente retornar a seus países de
    origem. O novo programa vai sobre tudo dirigido a
    2.400 magrebíes, que apresentaram uma solicitação
    de asilo antes de 1 de novembro.
  • O Bund (Estado suiço) quer facilitar o retorno
    dos solicitantes de asilo de Argélia, Tunísia,
    Marrocos, Líbia e Mauritânia, escreve o
    Departamento Federal de Migração (BFM) em um
    comunicado de imprensa. O segundo objectivo do
    programa reforçar o diálogo e a colaboração com
    os países de origem.
  • Toda a pessoa adulta de Magreb que tenha
    apresentado uma solicitação de asilo antes de 01
    de novembro, mas que agora esteja disposta a
    voltar a casa, receberá 2.000 francos, e se for
    menor de idade serão 1.000 francos.
  • Para os projectos individuais de formação, o
    máximo disponível são 3.000 francos. O Programa
    de Ajuda aos Retornados realiza-se conjuntamente
    com a Organização Internacional para a Migração
    (IOM) e a Direcção para o Desenvolvimento e
    Cooperação da Suiça (DEZA).
  • in Portugal Diário

53
Imigração e Extrema Direita nos Média
  • Itália, 2005
  • Berlusconi fecha aliança com Alessandra Mussolini
    para eleições
  • O primeiro-ministro da Itália, Silvio
    Berlusconi, e a neta do ditador Benito Mussolini,
    Alessandra Mussolini, que lidera o partido
    Alternativa Social, fecharam hoje uma aliança
    para as eleições gerais dos dias 9 e 10 de abril.
  • Alemanha, 2005
  • - Futuro para os judeus na Alemanha?
  • David Gall, que editou até pouco tempo atrás na
    internet o jornal Hagalil para combater o
    anti-semitismo, concorda com os israelenses. Para
    ele, os judeus do Leste Europeu deveriam mudar
    para Israel e não para a Alemanha, pois "não há
    futuro para os judeus na Alemanha. A história dos
    judeus na Alemanha deveria se encerrar".
  • Por outro lado, Gall afirma que a Alemanha
    parece estar se abrindo para o judaísmo. Um sinal
    disso seriam as diversas iniciativas do governo
    para combater o anti-semitismo. Em grande parte,
    trata-se, contudo, de iniciativas ineficientes e
    vazias, diz ele "Este país realmente não quer
    judeus aqui. Vêem-se sinais disso por toda
    parte".

54
Imigração e Extrema Direita nos Média
  • Paris, 2005
  • Os distúrbios nos subúrbios de Paris em 2005
    começaram dia 27 de Outubro devido a perseguição
    seguida de morte de dois jovens descendentes
    africanos Benna e Traoré pela polícia de Paris.
  • Os protestos em série depois da morte dos dois
    jovens duraram 19 noites consecutivas até o dia
    16 de Novembro. Os motins começaram em
    Clichy-sous-Bois e espalharam-se por vários
    bairros de subúrbio de Paris. Jovens indignados,
    queimaram 8.970 carros e entraram em confrontos
    com a polícia francesa, foram presos 2.888 jovens
    e um morto, além de Benna e Traoré. O Presidente
    Jacques Chirac declarou oestado de emergência, a
    estimativa de prejuízos foi de 200 milhões de
    dólares.
  • in Jornal de Notícias

55
Distúrbios em Paris Porquê?
  • A onda de destruição que varreu a França, em
    Novembro de 2005, foi interpretada em muitos
    países da Europa como a confirmação da teses há
    muito propaladas pela extrema-direita a entrada
    maciça de imigrantes africanos e muçulmanos, mais
    dia menos dia acabaria por se tornar num perigo
    para a ordem pública. A razão não seria de
    natureza racial, mas cultural. 
  • Os africanos estão marcados pelas memórias da
    colonização europeia, nomeadamente pela
    escravatura. Ainda que os seus filhos possam
    aceder à cidadania francesa, inglesa, portuguesa,
    italiana, alemã ou outra qualquer europeia,
    jamais se sentirão verdadeiramente europeus. A
    cultura e a história destes países europeus,
    seria um obstáculo intransponível para o
    nascimento de laços de pertença. 

56
Distúrbios em Paris Porquê?
  • A mais pequena dificuldade nos seus percursos de
    vida, acaba inevitavelmente por fazer renascer
    antigas humilhações, complexos de inferioridade
    ou memórias colectivas julgadas esquecidas ou
    aceites sem desconforto. A culpa será sempre
    atribuída aos antigos colonizadores, nunca
    assumida pelos próprios. O ódio torna-se um lema
    de vida.
  • A França é, neste aspecto, o melhor exemplo desta
    agonia cultural da Europa. A imagem que este país
    tem de si próprio e aquela procura difundir no
    exterior está desfasada do tempo. A forma como a
    França interpreta o seu passado nos dois últimos
    séculos, por exemplo, é inaceitável para os novos
    imigrantes. Eles são oriundos de países conde os
    franceses praticaram em larga escala o tráfico de
    escravos, saques e matanças sem fim. É por isso
    que as grandes referências culturais da nação que
    se auto-proclama guardião dos grandes valores
    universais, como Liberdade, Igualdade e
    Fraternidade,  nada dizem a mais de 10 da sua
    população originária do norte de África e a sul
    do Sahara, quase todos de religião muçulmana
    (argelinos, marroquinos, tunisinos, etc).

57
Distúrbios em Paris Porquê?
  • A França acolheu imigrantes (mão-de-obra barata),
    mas remeteu-os para os arredores das suas
    cidades, confinando-os a guetos. Se por um lado
    lhes concede a cidadania, por outro recusa
    integrar a cultura destes povos na cultura
    francesa.
  • A discriminação instalou-se na sociedade
    francesa. Uma parte da sua população começou a
    ser tratada como franceses de segunda, olhados
    com desconfiança. Acontece que estes imigrantes
    não pararam de aumentar. O dilema é que sem eles
    a economia francesa não funciona.

58
Reacções aos distúrbios de Paris
  • The Guardian "os distúrbios deitaram abaixo a
    cortina que existe entre as cidades ricas e os
    bairros de subúrbio que abrigam em na sua maioria
    imigrantes de Magreb e da África Ocidental que
    nunca puderam integrar a sociedade francesa, e se
    transformaram numa subclasse acostumada com a
    discriminação e falta de esperanças". A BBC citou
    o "descontentamento entre muitos jovens franceses
    oriundos do norte da África" e a discriminação
    contra os imigrantes. O grupo SOS Racisme
    denuncia regularmente casos de racismo contra
    estrangeiros". A BBC também noticia que existe
    uma "enorme fúria e ressentimento entre os
    imigrantes africanos e os filhos de descendentes
    africanos nos subúrbios das cidades francesas."

59
Reacções aos distúrbios de Paris
  • Grupos de extrema direita de toda a Europa estão
    apostando nos tumultos da França para conquistar
    votos e para exigir que os governos combatam a
    imigração com leis mais duras
  • "Os tumultos são terreno fértil para a extrema
    direita", disse Thierry Balzacq, analista
    especializado nas áreas de segurança e imigração
    do Centro para Estudos sobre Políticas Européias,
    em Bruxelas, sobre os protestos violentos nas
    cidades francesas.
  • Os governos, por sua vez, parecem estar tentados
    a adoptar medidas que agradam os eleitores de
    direita em potencial. Os críticos acreditam que
    essa foi a motivação do ministro do Interior da
    França, Nicolas Sarkozy, que pediu a expulsão dos
    estrangeiros que participarem dos tumultos.

60
Reacções aos distúrbios de Paris
  • O líder anti-imigração Jean-Marie Le Pen declarou
    ao jornal Le Figaro que a reacção do presidente
    Jacques Chirac foi "patética" e lembrou que
    alerta há anos para as consequências da
    "imigração em massa, da corrupção moral dos
    líderes do país, da desintegração do país e da
    injustiça social". Para ele, a situação avança
    para o que "podem ser os primeiros sinais de uma
    guerra civil".
  • A solução, disse Le Pen, é clara o fim da
    imigração, leis mais duras para garantir a
    nacionalidade e uma política de segurança de
    tolerância zero, que poderia envolver o exército.
  • "Esses episódios não aconteceram por acaso, mas
    são consequência direta de vários governos
    socialistas que favoreceram a imigração
    indiscriminada", disse Giacomo Stucchi, do
    partido Liga do Norte, contrário à imigração

61
Reacções aos distúrbios de Paris
  • O NPD alemão, que no ano passado ganhou as
    manchetes ao conquistar cadeiras em um Estado do
    leste do país, disse que os tumultos demonstram o
    fracasso da tentativa de criar uma Europa
    multicultural. "O NPD deseja aos estrangeiros uma
    boa viagem de volta para casa", disse o partido
    em sua página eletrónica.
  • Na Holanda, ainda traumatizada pelo assassinato,
    do ano passado, do cineasta Theo van Gogh, que
    criticava o islamismo, o activista anti-imigração
    Geert Wilders pediu na segunda-feira o fim da
    imigração de "estrangeiros não-ocidentais".
  • Pia Kjaersgaard, líder do Partido do Povo
    Dinamarquês, foi mais longe e afirmou esta semana
    que os tumultos na França são equivalentes ao
    terrorismo.
  • As campanhas da direita repetiram-se também na
    Bélgica, na Áustria e até na Rússia.

62
Reacções aos distúrbios de Paris
  • O Alto Comissário das Nações Unidas para os
    Refugiados, António Guterres, disse nesta
    terça-feira que a violência na França é um
    exemplo da propagação da intolerância pelo mundo,
    e denunciou o uso político do discurso do medo.
  • "Isso que aconteceu em Paris é um exemplo de uma
    problemática mais geral, que é a intolerância
    (...) muitas vezes ampliada por factores
    objectivos, económicos, sociais, de desemprego,
    situações de pobreza e exclusão", disse Guterres
    durante uma breve visita ao Brasil.
  • "Estamos a enfrentar um clima psicológico em
    escala global, que é uma ameaça à instituição da
    protecção a refugiados", acrescentou,
    referindo-se à propagação do "sentimento de
    intolerância" pelo mundo, que considerou "uma
    ameaça à coesão das sociedades e à paz mundial".
  • "O medo está sendo usado como arma para ganhar
    votos (...) O risco de a opinião pública ser
    totalmente contaminada por essa irracionalidade,
    que leva a actos de desespero, é extremamente
    grave", advertiu Guterres. "É um problema global,
    que existe no norte, sul, em todas as partes, a
    instrumentação do medo, do ódio racial",
    acrescentou.

63
Bibliografia
  • http//confrontos.no.sapo.pt/page9b.html
  • http//imigrantes.no.sapo.pt/page3.html
  • http//www.derechos.org/nizkor/brazil/libros/neona
    zis/cap4.html
  • http//www.anti-rev.org/textes/Aubry95a/ (Petit
    dictionnaire pour lutter contre l'extrême-droite)
  • http//www.lemonde.fr/
  • http//tsf.sapo.pt
  • http//www.publico.clix.pt
  • http//www.portugaldiario.iol.pt/
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