Title: 1.1.Os principais autores e etapas da economia espacial 1.2.Abordagens ao Desenvolvimento econ
11.1.Os principais autores e etapas da
economia espacial 1.2.Abordagens ao
Desenvolvimento económico espacial 1.3.A teoria
da Localização da Actividade Económica1.4.Movimen
tos de localização das actividades económicas na
transformação dos espaços urbanos 1.5.Centros
urbanos, funções e hierarquização 1.6.A
Evolução do fenómeno urbano1.7.Usos do solo em
meio urbano1.8.Factores determinantes da renda
urbana1.9.O mercado do solo urbano2.Desenvolvime
nto Económico e Urbanização3.Externalidades e
Economias de Aglomeração4.A rede urbana, cidades
pequenas e intermédias e áreas metropolitanas
- Economia Regional e Urbana
2- 1.1.Os principais autores e etapas da economia
espacial - Durante algum tempo os economistas ignoraram a
variável espaço, poucos autores concederam um
lugar importante ao espaço na história das
ciências económicas. - A primeira verdadeira teoria económica espacial
nasce no início do século XIX com Von Thünen
(1826), sendo este autor considerado pela maioria
dos autores como o grande iniciador da análise
económica espacial, frequentemente apelidado de
pai das teorias da localização (Benko, 1999,
p.37). - A sua investigação inovadora influenciou
numerosos investigadores, tornando-se a base
teórica da nova economia urbana sendo o primeiro
a integrar a noção de distância na economia, a
raciocinar em termos marginalistas e a utilizar
cálculos econométricos (Benko, 1999, p.40). - As teorias económicas espaciais evoluíram de
forma dispersa ao longo dos séculos.
3- As grandes etapas da evolução da economia
espacial 1800-1950
4- A investigação contemporânea baseia-se
essencialmente num conjunto de teorias e modelos
propostos entre 1826 e 1950, na sua maior parte
provenientes de autores de língua alemã, os quais
fundadores da economia espacial, foram eles que
estabeleceram os seus princípios gerais. (Benko,
1999, p.62) - Os domínios cobertos pela ciência regional que se
consolida logo a seguir, são muito diversos, no
entanto, é possível agrupar os temas em quatro
famílias (Benko, 1999, p.66) - Localização das actividades económicas
- Organização e estruturação do espaço
- Interacções espaciais
- - Desenvolvimento regional
5A ciência regional 1950-1975 (principais temas e
autores anglo-saxónicos e francófonos)
6A ciência regional 1975-2000 (principais temas e
autores anglo-saxónicos e francófonos)
7- Para Lopes as teorias do desenvolvimento regional
preocupam-se fundamentalmente com o crescimento
regional e podem dividir-se em dois grandes
grupos consoante o tomam como - -Visto de fora da região (from outside)
- -Visto de dentro da região (from inside)
- Segundo Lopes apesar de ainda estar por formular
uma teoria de aceitação geral em torno do
desenvolvimento regional, não se devem ignorar as
características e limitações dos principais
modelos teóricos que têm sido propostos.
81.2.Abordagens ao Desenvolvimento económico
espacial
- Desde cedo houve preocupação em perceber quais os
factores que determinam a organização de
determinado território. - As teorias do desenvolvimento espacial centram-se
na compreensão dos processos de organização
espacial das actividades económicas. - Uma teoria neste campo deve dar resposta a 5
questões fundamentais -
- 1ª-Porque crescem as regiões a ritmos diferentes?
- 2ª-Se o crescimento não é espacialmente uniforme
quais os factores que explicam o seu surgimento
em determinadas localizações e como se faz a sua
difusão espacial? - 3ª-Existem no sistema económico mecanismos
auto-correctores que permitam inverter os
desequilíbrios económicos regionais? - 4ª-Quais os problemas que resultam dos
desequilíbrios económicos regionais? - 5ª-Quais as variáveis sobre as quais se pode
actuar para corrigir o padrão regional de
desenvolvimento económico?
9- O Papel da Oferta e da Procura
- A tipificação dos modelos de desenvolvimento
regional pode ser feita segundo a forma como é
equacionada a determinação do rendimento, o que
leva a distinguir os modelos que vêem o
desenvolvimento regional determinado pelo aumento
da capacidade produtiva (oferta), dos que põem
ênfase nos determinantes da procura. - Tipos de Desenvolvimento Regional
- 1º - Inserem-se na tradição neoclássica e na
impossibilidade de um excesso generalizado de
produção. Tem subjacente a ideia de que a oferta
cria a sua procura. - 2º - Inseridos na lógica keynesiana, têm
subjacente a ideia de que a procura cria a
necessária oferta..
10- 1.2.1.A Organização pela oferta
Teoria Neoclássica (abordagem neoclássica do
desenvolvimento regional)
11- O modelo neoclássico tem sido a teoria dominante
com ênfase no lado da oferta, tendo sido alvo de
muita critica pelos estudiosos da teoria
regional. - Algumas das hipóteses deste modelo ( por exemplo
a concorrência perfeita) são incompatíveis com a
realidade do espaço e as suas conclusões são
incoerentes. - Mas a integração de um modelo de mobilidade do
trabalho e do capital e a possibilidade de
contemplar a flexibilização de algumas das
hipóteses mais restritivas continuam a fazer do
modelo neoclássico um esquema de raciocínio que
não pode ser ignorado. - Até porque a melhoria da mobilidade dos factores
favorece a redução das disparidades nacionais e
isto aumenta o interesse político.
12- 1.2.2.A
- organização pela procura
- e os
- modelos keynesianos
- Na teoria keynesiana o elemento central reside no
facto de qualquer decisão que provoque um fluxo
adicional de procura, dando origem a decisões em
cadeia, leva a um acréscimo do nível de
rendimento. - A propagação desses efeitos é traduzido na teoria
do multiplicador. - A questão que se coloca é a de saber de onde
resulta esse acréscimo exógeno da procura.
13A Teoria da Base Económica de Exportação
Sendo uma região um sistema aberto, a resposta
mais imediata é a de situar o aumento exógeno da
procura a nível da procura externa. Sobretudo
para as pequenas regiões de economia muito
especializada, será a procura que os seus bens e
serviços tenham nos mercados externos que
determinará as condições de crescimento regional.
Ou seja, o crescimento da região depende do que
a região oferecer aos mercados extra-regionais. N
a sua formulação mais simples, o modelo da base
económica de exportação parte da distinção do
produto das actividades regionais entre o produto
das actividades básicas destinadas à exportação e
o produto das actividades não-básicas destinadas
a satisfazer o consumo interno.
14- Muitas regiões tiveram o seu desenvolvimento
assente na procura extra-regional dirigida aos
seus recursos naturais e às amenidades(utilidade
s irreprodutíveis como o clima, a paisagem, o
património cultural, etc.) ou às actividades que
sobre os mesmos se apoiam. - Mas a competitividade das exportações regionais
pode estar associada a outras vantagens
comparativas como os recursos humanos (custo e/ou
qualidade) ou a excelência do conhecimento e do
saber fazer em determinados domínios .
15- A questão da determinação das actividades que
constituem a base económica regional é central
para avaliar as perspectivas de crescimento da
região. - Podemos recorrer a dois métodos
- 1- O método dos requisitos mínimos
- A ideia é de considerar exportadoras todas as
actividades que tenham na região uma presença
superior a um determinado valor padrão. - Esse padrão pode ser o correspondente ao
menor valor encontrado no conjunto das regiões, o
valor médio nacional ou outro. - A ideia é a de que esse padrão corresponda a uma
situação de auto suficiência, significando uma
presença superior da actividade em causa a
existência de capacidade exportadora. - Este método pressupõe estrutura de consumos
invariantes e equilíbrio nas trocas externas para
a unidade tomada como padrão.
16-
- 2- O quadro input-output regional
- Teoricamente, um quadro input-output deveria
permitir quantificar o valor das exportações e o
valor das importações correspondentes aos
diversos sectores em que fosse decomposta a
economia regional. - Infelizmente nem sempre esse nível de informação
é atingido e, por vezes a determinação das
exportações e importações regionais acaba por
recorrer a qualquer variante do método anterior.
17- Diversos autores têm vindo a argumentar, que as
forças de mercado tendem a reforçar
cumulativamente as vantagens ou desvantagens de
algumas regiões. - Uma forma de ilustrar essa ideia é através de um
modelo auto-alimentado que combina a teoria da
base económica de exportação com o efeito das
economias de escala e das economias de
aglomeração. - Neste modelo haverá dois mecanismos centrais
- o efeito de Verdoorn que liga a produtividade ao
volume do produto - a procura para as exportações regionais
- A teoria da causalidade cumulativa
18Causalidade cumulativa
- Uma variação exógena das exportações implica, um
acréscimo de produto, o qual conduz a ganhos de
produtividade, os quais se repercutem
favoravelmente no nível de preços internos
implicando um novo acréscimo das exportações, e
aqui teríamos o inicio de um novo ciclo.
19- As limitações dos modelos anteriores
-
- Tratam-se de modelos a-territoriais, onde não
estão presentes variáveis fundamentais para a
compreensão do espaço (distância, economias de
aglomeração, invariantes locacionais, etc.) e que
pouco contribuem para compreender como se
processa a organização espacial do
desenvolvimento (ordenamento do território) e as
consequências espaço-temporais dessa organização.
20- 1.2.3.A
- organização espacial
- do
- desenvolvimento
Teoria dos Polos de Crescimento
A noção de polo de crescimento foi introduzida
por Perroux e baseia-se na constatação de que o
crescimento não surge em toda a parte ao mesmo
tempo, manifesta-se com intensidade variável em
certos pontos ou polos de crescimento propaga-se
segundo vias diferentes e com efeitos variáveis
no conjunto da economia. Perroux considerava o
crescimento económico como o resultado de forças
centrífugas e forças centrípetas a partir de
determinados clusters de firmas e indústrias o
polo.
21- Os polos de Perroux eram em primeiro lugar polos
no espaço económico abstracto e pressupõem uma
empresa motriz ou indústria motriz. - Uma empresa motriz é uma empresa que é
relativamente grande , gera impulsos
significativos para a sua envolvente, tem elevada
capacidade para inovar, e, finalmente, pertence a
um sector de rápido crescimento. - Estas características asseguram à indústria
motriz um crescimento mais rápido do que o
conjunto da economia e uma elevada capacidade de
reboque de outros sectores produtivos. - A produção de material de caminho de ferro,
automóvel ou a informática são exemplos de
actividades que, em diferentes momentos da
história, se têm assumido como indústrias
motrizes.
22- Projectando um polo de crescimento do espaço
sectorial para o espaço geográfico chegaremos ao
polo de desenvolvimento num contexto regional,
cuja popularização se deve principalmente a
Boudeville. - A partir destes polos irradiam efeitos difusores
ou de difusão, favoráveis ao desenvolvimento das
áreas periféricas. - Ao mesmo tempo, os polos exercem sobre os espaços
envolventes efeitos centrípetos, de polarização
ou de sucção. - O impacte do polo no desenvolvimento regional
dependerá da combinação concreta dos efeitos de
difusão e dos efeitos de polarização. - Admite-se a existência de polos naturais
constituídos por grandes cidades. - Naturalmente, uma grande cidade poderá conter
diversos complexos dominados por actividades
motrizes que lhe garantem um desenvolvimento
auto-sustentado.
23- Teoria dos eixos de desenvolvimento
- Pottier é aqui uma referência.
- O eixo de comunicação distingue-se então de uma
simples via de comunicação e envolve três
componentes - um itinerário espaço natural onde é fácil passar,
região ou conjunto de regiões que estabelecem
ligações inter-regionais. - Espaço de aptidão natural a concentrar
movimentos, é também uma cadeia de localizações e
aglomerações humanas importantes. A localização
de polos na extremidade reforçam a circulação ao
longo do itinerário. - Uma infra-estrutura complexa de comunicações,
justapondo as diferentes técnicas de transporte
ao longo da história e os diversos modos de
transporte. - Uma corrente de circulação, de homens e de
coisas. - A combinação destas três componentes que se
reforçam mutuamente transformam um eixo de
comunicação em eixo de desenvolvimento. E para
isso, cada uma das componentes é essencial.
24- O eixo de comunicação por um lado, é um agente de
impulsão e por outro, um vector de propagação. - Os efeitos de impulsão surgem associados a
quatro aspectos principais - 1.Impulsos resultantes da construção de uma nova
infraestrutura -
- A construção sucessiva de diferentes e novas
infra-estruturas representam uma concentração de
investimentos públicos. - A construção da infra-estrutura vai permitir a
circulação de novos modos de transporte que vai
induzir o surgimento de novas actividades de
transporte e de novas actividades de suporte ou
complementares. - 2.Impulsos resultantes do abaixamento dos custos
de transporte - em primeiro lugar, a redução dos custos de
transporte alarga as áreas de mercado, o que vai
permitir maiores economias de escala. - O alargamento das áreas de mercado permite,
também, a obtenção e limiares mínimos para outras
actividades que antes não tinham condições de
sobrevivência.
25-
- Em segundo lugar, a redução dos custos de
transporte, facilitando as interdependências,
facilita as especializações regionais e
possibilita vantagens competitivas das empresas
através de novas estratégias de organização
empresarial. - Em contrapartida pode levar ao desaparecimento
das empresas mais frágeis que deixaram de estar
protegidas pela distância. - 3.Impulsos provocados pela expansão da procura
nas regiões de passagem este impulsos resultam
de necessidade de resposta à procura dos
viajantes e à possibilidade que estes fluxos
geram para valorizar determinados recursos locais
sobretudo, na perspectiva turística. - 4.Impulsos ligados à difusão da informação os
modelos de difusão de informação ao relevarem o
diálogo e os contactos interpessoais, evidenciam
bem a importância dos fluxos de pessoas e bens
nesse processo de difusão. - Os efeitos de propagação, têm a ver com o impacte
do eixo na forma como distribui o território,
estando ligados à teoria da localização e à teria
da renda fundiária
26- 1.o eixo de comunicação gera ao longo dele
múltiplos pontos capazes de virem a ser
seleccionados como localização de novas empresas
ou relocalização de empresas já existentes. - 2.atrair para as suas proximidades actividades
marginais de empresas que tendo acesso directo a
novas vias de comunicação, podem usufruir de
custos mais baixos. - 3.O acréscimo de acessibilidade ao longo do eixo
permite diferentes escolhas residenciais pelas
famílias e modifica a distribuição espacial dos
centros prestadores de serviços. - Os efeitos das impulsão (criação) e de propagação
(distribuição) tornam os eixos de comunicação
em eixos de desenvolvimento, os quais, traduzem
a linearização do desenvolvimento económico. - Um eixo de desenvolvimento pressupõe um
itinerário (cadeia de localizações e aglomerações
humanas) e fluxos potenciais. - É por isso que a teoria dos eixos de
desenvolvimento, apesar da sua capacidade
explicativa, tem pouca eficácia em termos de
política, na medida em que, apenas sabemos actuar
sobre uma das componentes do conceito, a
infra-estrutura.
27Os Distritos Industriais
Trata-se de uma abordagem do desenvolvimento que
se insere nos quadros conceptuais do
desenvolvimento regional endógeno ou do
desenvolvimento territorial. A ideia central é
que o desenvolvimento resulta da exploração dos
recursos e das estruturas socioculturais e
organizativas locais. No desenvolvimento são
determinantes as características do meio. Os
determinantes do desenvolvimento local são as
relações sociais e económicas e as relações entre
as empresas. O conceito de distrito industrial
de Marshall surge hoje, muito confundido com o de
sistema produtivo local. Segundo Marshall os
segredos da indústria estão no ar que se respira.
28- Características mais importantes de um sistema
produtivo local (sistema de pequenas empresas) - a) Uma forte especialização produtiva a nível
local sobre diferentes segmentos e sectores à
volta de um produção típica e fundamental da
economia local - b) Uma produção suficientemente importante
para ter significado em termos nacionais ou
internacionais - c) Uma divisão avançada do trabalho entre as
empresas, dado lugar a uma densa rede de
interdependências produtiva - d) Uma multiplicidade de empresas, sem
existência de uma empresa líder ou dominante,
preservando a igualdade entre as empresas
envolvidas no processo de sub-contratacção - e) Impulso a favor da especialização produtiva
a nível da empresa, estimulando a acumulação de
competências especificas e a introdução de novas
tecnologias - f) Formação progressiva de um sistema de
informação eficaz, que apoiado informalmente nas
relações de interdependência das empresas mas
assegurando uma ampla e rápida circulação de
informação
29- g) Competência dos trabalhadores resultantes da
sedimentação histórica de conhecimentos do
produto e das técnicas - h) Difusão das relações cara-a-cara entre os
operadores locais favorecendo as melhorias
tecnológicas e organizativas e estabelecendo as
relações empresariais numa base de confiança e de
empenho pessoais - i) Uma forte coesão social e contínua social
e contínua mobilidade social. - Este conjunto de características favorece a
inovação e a competitividade do sistema produtivo
local e, sobretudo, estimula o surgimento de novo
empresariado e a renovação das empresas. - O sistema favorece o surgimento de economias
externas à empresa, estimula a divisão de
trabalho a inovação tecnológica e a cooperação
entre as empresas, estimula a divisão e trabalho
à inovação tecnológica e a cooperação entre as
empresas.
30-
- O sistema produtivo local reúne, assim, um
conjunto de factores de sustentabilidade de
desenvolvimento para o que são estratégicos a
inovação tecnológico organizativa, o sistema de
informação, a capacidade de controlo de mercado e
os mecanismos de regulação social, combinando de
forma criativa concorrência e cooperação. - Para que um meio seja inovador é necessário que
exista - a) Troca de informação, estrutura em redes
mais ou menos formais que favorecem novas
oportunidades de negócio. O meio permite
avaliar a informação quer na base de confiança,
quer pela possibilidade de contra-verificar
essa informação. - b) Uma concertação relativamente sistemática
entre diferentes empresas com competências
diversas. - O meio desenvolve, assim, um espaço de
transacções a baixo custo, suportado por uma
identidade colectiva que garante a coerência do
território e uma solidariedade territorial, dando
origem a relações de cooperação-concorrência. - c) O desenvolvimento de uma cultura técnica,
baseada na partilha do conhecimento e do saber,
criando um processo de aprendizagem e inovação
colectiva.
31- Estas abordagens enfatizam as características do
meio como determinantes do desenvolvimento, pelo
que estas não são facilmente reprodutíveis em que
a política se orienta preferencialmente para a
inovação, a formação e a promoção do espírito
empresarial. - Os factores imateriais de desenvolvimento ganham
todo o relevo nas abordagens do desenvolvimento
territorial. - As abordagens territorialistas tendem a enfatizar
o papel das pequenas e médias empresas
independentes e as redes que elas constituem. -
321.3.Teoria da Localização
- As localizações não acontecem por acaso, desde
uma estrada, uma fábrica ou um supermercado. - Todas as localizações são um objecto de um
processo de decisão que pode pretender maximizar
um rendimento ou outro valor, ou minimizar
esforços, custos ou optimizar o saldo dos
benefícios e dos custos seja qual for a escala ou
a metodologia utilizada. - O processo de decisão seja implícito ou
explícito, é complexo porque os intervenientes
são variados, de diversa natureza e actuam de
forma multi-variada (indivíduos, famílias,
empresas, actividades, governo), as decisões são
interactuantes, a interdependência das escalas de
análise e porque os recursos, agentes e
actividades são na sua maioria dotados de
mobilidade. - As actividades económicas, sejam industriais,
agrícolas ou de serviços, disputam o espaço, pelo
que, uma localização depende do que a actividade
estará na disposição de pagar para a ter.
33-
- Neste âmbito há um conjunto de questões que se
colocam - -Como é que o espaço se reparte pelas várias
utilizações possíveis? - -Porque é que certas funções se localizam no
centro da cidade e outras nos arredores? - -Através de que mecanismos se decidem as várias
ocupações do solo urbano? - -Porque é que muitas vezes o valor dos solos é
mais elevado no centro? - -Quais os factores que determinam o preço do
solo? - -Porque é que algumas famílias optam por viver em
moradias nos arredores enquanto que outras
preferem os grandes prédios dos bairros centrais?
34- Os primeiros escritos sobre este tema datam do
século XIX, tendo-se desenvolvido, desde essa
altura, uma abundante literatura sobre teorias da
localização e modelos de localização. - Estes temas são também objecto da chamada
geografia económica a qual, segundo Krugman
(1999), ocupa-se de estudar onde a actividade
económica ocorre e porquê, uma vez que, todos os
fenómenos económicos têm lugar num espaço
geográfico determinado. - Os avanços do processo de globalização e
integração económica em curso na economia mundial
na última década do século XX trouxeram um
interesse acrescido entre a comunidade cientifica
em matéria relacionadas com as questões
económicas espaciais. - Trabalhos como o de Krugman (1991), Porter
(1990), Fujita (1990), Isard (1998), Hewings
(1999) e Nijkamp Paellink (1998) contribuíram
decisivamente para a consolidação dos fundamentos
desta disciplina. - Importa referir que há uma longa tradição de
investigação nesta área como os trabalhos de Von
Thünen (1826) Weber (1909), Marshall (1920),
Hotelling (1929), Palander (1935), Hoover (1948),
Perroux (1950), Lösch (1954), Moses (1958),
Chinitz (1961), Vernon (1960), Christaller
(1966), entre muitos outros.
35- Modelos de localização das actividades
económicas - A localização das actividades agrícolas O modelo
de Von Thünen (1783-1850) - É para muitos o fundador da análise económica
espacial, autor da teoria sobre a formação e
estruturação do espaço agrícola, inspiradora de
inúmeros estudos sobre a localização das
actividades no espaço urbano desenvolvidos a
partir de 1960. - Von Thünen reflecte sobre a formação da paisagem
rural na sua obra O Estado Isolado nas suas
relações com a agricultura e a economia nacional
(1826).
36- Na sua reflexão sobre o espaço rural, começa por
enunciar as hipóteses que suportam a análise
desenvolvida na sua obra, considerando que - Existe uma grande cidade isolada no meio de uma
planície e um só mercado - A planície é um espaço de produção agrícola
homogéneo e igual em toda a sua extensão,
possuindo exactamente a mesma fertilidade em
todas as partes e facilidades de transporte - O campo à volta da cidade fornece a esta todos os
produtos alimentares recebendo desta os produtos
manufacturados de que necessita - Os custos de transporte são uniformes e
proporcionais ao peso e à distância e os custos
de produção não variam no espaço - Cada produto agrícola tem um só preço de venda na
cidade - O mercado permite a livre entrada de
agricultores - Cultiva-se o produto que utilize o solo do modo
mais vantajoso, isto é, aquele que proporciona a
renda fundiária mais elevada - O objectivo de quem produz é sempre a maximização
do lucro - Verifica-se informação completa sobre preços,
custos de transporte e métodos de produção.
37- A renda fundiária
- O principio básico sobre o qual assenta a análise
de Thünen é o conceito de renda fundiária, que no
seu entender corresponde ao rendimento da
exploração diminuído dos juros do valor das
construções, cercas e de todos os outros objectos
que podem ser separados do solo. - De entre os factores que explicam a existência da
renda fundiária assim definida, o autor atribui
importância especial ao factor distância. - O modelo baseia-se no principio de que os custos
de transporte são a base explicativa dos
diferenciais da renda no espaço. - Assim, o único factor que podia diferenciar as
condições de produção de duas explorações é o
custo de transporte até à cidade, que será tanto
mais elevado quanto maior for a distância a que a
exploração se encontrar. - O autor preocupou-se com o surgimento de
diferentes rendas em resultado de diferentes
localizações.
38- Além da distância, o autor considera que a origem
da renda fundiária está associada também à
possibilidade de os agricultores poderem, optar
por culturas mais ou menos intensivas do solo. - Para ele, as variações na renda do solo são
devidas aos diferenciais de custo de transporte ,
em que a cultura com maior produção liquida por
unidade de superfície faz um uso do solo mais
intenso e localiza-se por isso mais próximo do
mercado. - Thünen conclui que a origem da renda nasce não só
da vantagem que uma exploração tem sobre a outra
em termos de localização, mas também,em termos de
produção.
39- O modelo
- O que sucede quando temos vários produtos
agrícolas, exigindo processos de produção
distintos e que disputam simultaneamente o mesmo
espaço rural? - Thünen irá concluir que o ordenamento das
culturas se fará em círculos concêntricos à
voltada cidade, e em função da renda fundiária
associada a cada parcela de terra que é
cultivada.
40- Segundo Thünen, na zona adjacente à cidade,
encontramos a produção dos produtos mais
perecíveis, nomeadamente os legumes e o leite. - Nesse 1º circulo, onde as rendas são muito
elevadas, pratica-se uma cultura intensiva,
comprando-se na cidade a maior parte dos adubos. - O inicio da 2ª coroa corresponde aproximadamente
à distância onde deixa de ser vantajoso comprar
na cidade os fertilizantes para as terras,
optando os agricultores por os adubar com estrume
produzido no local. É nesta área que se produz a
madeira que é utilizada na cidade como
combustível e para a construção civil. - A razão principal é que sendo o custo de
transporte da madeira oneroso mas constituindo
esta um bem importante do qual a cidade não pode
prescindir , o preço de mercado situar-se-á a um
nível tal que permita à produção de madeira
ocupar uma área não muito distante da cidade.
41- As três zonas seguintes correspondem a áreas em
que se produzem sobretudo cereais, assim, no 3º
circulo não há terras em pousio alternando-se
culturas como o trigo, centeio, cevada, batatas,
entre outros. - No 4º circulo o centeio é cultivado com
periodicidade de sete anos, alternando com a
cultura de outros produtos e um ano de pousio. - No 5º circulo pratica-se o afolhamento trienal
das terras, cultivando-se num ano de cereais, no
ano seguinte pastagens e deixando-se a terra em
pousio no 3º ano. - O 6º e último circulo, é uma área de criação de
gado sendo comercializados na cidade produtos
como a carne, o queijo, ou a manteiga que além
doutras características, suportam viagens
relativamente longas sem se deteriorarem. - Para além do 6º circulo poderá ainda encontrar-se
população dispersa.
42- O alargamento das hipóteses do modelo
- Enriquecendo o modelo, Von Thünen reintroduz
elementos que no inicio, tinha afastado e abre
caminho a uma teorização mais complexa e mais
exacta das utilizações da terra. - A presença de um curso de água navegável (um rio)
, ou de uma estrada importante, prolonga as áreas
concêntricas em fusos situados ao longo dessas
vias. - A existência de várias cidades, as diferenças de
fertilidade dos solos, a variação da fiscalidade,
podem por seu turno deformar o modelo inicial. - Repare-se que em qualquer destes casos de
modificação de hipóteses, o essencial mantém-se,
isto é, Thünen consegue demonstrar que a
estruturação do espaço rural depende do modo como
ele se articula com o centro urbano que abastece.
43Ilustração do alargamento das hipóteses do modelo
de Thünen
44A teoria de Thünen na actualidade
- Passados quase dois séculos sobre a sua
publicação, é natural que se questione a sua
aplicabilidade. - Nos dias de hoje, relativamente ao passado,
verifica-se uma drástica diminuição da
importância relativa dos custos de transporte nos
custos totais das empresas, agrícolas ou não,
deixando de ser clara a importância do factor
transporte na escolha das terras e dos produtos. - O desenvolvimento tecnológico veio alterar as
premissas, pelo que os sistemas de conservação
actuais permitem abastecer qualquer grande cidade
com leite e legumes provenientes de muito longe. - O modelo de Thünen não constitui actualmente uma
análise satisfatória para descrever a utilização
agrícola da terra.
45- Que resta então nos dias de hoje da obra de
Thünen? - A sua teoria encontrou na actualidade um segundo
fôlego na área da nova economia urbana em que se
faz uma analogia entre a formação da paisagem
rural e a utilização do espaço intra-urbano - o conjunto de produtores agrícolas dispersos no
espaço e obrigados a vender os seus produtos num
único mercado, a cidade, são substituídos pelo
conjunto de trabalhadores e as suas famílias
obrigados a deslocar-se diariamente para os seus
empregos que se supõem estar todos concentrados
no centro da cidade - Supõe-se que a cidade é servida por um sistema de
transportes radial - O espaço é homogéneo e o solo está disponível
para uso residencial - Cada individuo tem uma função utilidade e não
existem externalidades - O modelo permite estabelecer as condições óptimas
para a localização residencial de cada individuo
e as condições de equilíbrio do conjunto de
indivíduos - - É o modelo onde se inscreve a análise da
utilização do espaço intra-urbano.
46Generalização do modelo a outras actividades
económicas
- A relação apresentada para as produções agrícolas
pode generalizar-se para o conjunto de sectores
da economia. - A empresa cujo rendimento por hectare for o mais
elevado será a primeira a localizar-se no centro. - Quanto maior for o rendimento do solo que um
utilizador obtiver e quanto mais sensível ele for
aos custos de transporte mais disposto estará a
pagar para aí se instalar. - A produção de consultas num escritório de
consultores em gestão , não exige muito espaço.
Alguns metros quadrados são suficientes para
instalar os empregados, classificar os documentos
e arrumar os computadores. - No outro extremo, um criador de gado, necessita
de vários quilómetros quadrados para produzir
rendimentos equivalentes.
47- O espaço tende a ser utilizado mais
intensivamente no centro decrescendo a
intensidade de utilização em todas as direcções
para a periferia. - Os sectores económicos utilizadores de menores
quantidades de solo (por ex. os que possam
funcionar em construções em altura) tenderão a
localizar-se mais perto do centro, enquanto os
utilizadores extensivos de solo tenderão a
localizar-se na periferia. - É de esperar encontrar escritórios numa
localização central, por exemplo a baixa, vindo
as fábricas em seguida e bem mais longe as
grandes explorações agrícolas.
48Curvas de renda e utilização do solo urbano
- Generalizando os conceitos de rendimento e de
custo de transporte, é possível elaborar um
modelo completo de utilização do solo para um
espaço urbano. - Numa cidade hipotética podemos observar que o
centro está ocupado em primeiro lugar por
escritórios e lojas especializadas, seguidos por
actividades industriais ligeiras (confecções,
artes gráficas) e por algumas funções de
armazenamento e de distribuição, depois há as
zonas residenciais, zonas industriais e,
finalmente, terras consagradas à agricultura.
49A localização da indústria O modelo de Weber
- O nome de Alfred Weber (1868-1958) marca o
pensamento da história económica espacial, sendo
frequentemente considerado como o fundador do
modelo de localização industrial. - Por definição as empresas são móveis, podem
localizar-se em qualquer ponto do espaço, no
entanto, do ponto de vista dos custos de
produção, os locais não são equivalentes,
existindo um local preciso onde a produção se
realizará ao custo mínimo. - A produção precisa de inputs (entradas), como as
matérias-primas, a energia e a mão-de-obra, entre
outros factores, e o produto acabado ou
semi-acabado (output, ou saída) deve ser vendido
no mercado. - Deste modo, cada estabelecimento encontra-se no
centro de uma rede de fluxos.
50- Localizar uma produção industrial é escolher o
local óptimo para maximizar o lucro, que
constitui o objectivo de todos os empreendimentos
económicos. - Weber estudou empiricamente a evolução da
localização das industrias na Alemanha entre 1860
e 1895. - Na sua obra Sobre a localização das industrias
1909, dá uma resposta global a esta questão. - Este autor sugeria então que haveria três
factores que determinariam a localização da
empresa industrial - O custo de transporte
- Os custos do trabalho
- As vantagens associadas à aglomeração (economias
de aglomeração).
51- Assumiu um quadro de hipóteses relativamente
restrito mas apropriado à economia da época - -um país isolado
- -consumidores concentrados em centros urbanos
pré-determinados - -mercados perfeitamente competitivos
- -custos de transporte uniformes em termos de
preço/distância - -certos recursos naturais, água e materiais de
construção - -certos recursos localizados, energia e
matérias-primas industriais -
- -factor trabalho disponível apenas em certos
lugares.
52Esquema de localização de Weber
- Weber concluía que os custos de transporte
ditariam, em larga medida, a localização da
empresa. - Em termos mais concretos, o autor sugeria que, na
medida em que os custos de transporte
constituíssem uma parte considerável dos custos
totais, a localização das empresas resultaria da
ponderação entre os custos de transporte por
unidade de distância da matéria-prima e do
produto transformado. - Parte de um esquema triangular, em que cada
ângulo representa um elemento da produção
energia, matéria-prima, mercado de consumo. - Pressupõe os custos de transporte proporcionais à
distância e ao peso, permitindo assim assimilar
os pesos a transportar as forças, o que
transforma o problema numa equação matemática
(mecânica clássica ou geométrica) em que procura
o ponto de equilíbrio correspondente à
localização óptima. - Neste modelo a empresa é racional, pelo que
procurará localizar-se onde tiver melhores
perspectivas de lucros máximos.
53Esquema de triangulo de localização de Weber
- Dados A, B e M, a empresa irá decidir a sua
localização em função dos seus custos totais, os
quais envolvem não apenas os custos com os inputs
mas também os custos de transporte para o mercado
e para as fontes de origem dos inputs ou
matérias-primas. - Graficamente, o ponto onde os custos totais se
minimizam é o ponto K, pelo que será aí que a
empresa se deverá localizar. - Tal estratégia expressa-se na maximização dos
lucros, pelo que a localização que assegura lucro
máximo à empresa é aquela em que os seus custos
totais são minimizados, isto é, em que a soma
total dos inputs com o total dos custos de
transporte são minimizados.
k
54- Weber não tardou a modificar o seu esquema
inicial a fim de ter em conta, por um lado, a
atracção exercida pelos centros de mão de obra
vantajosos (diferenças nos custos de trabalho),
e, por outro, as forças aglomeradoras
(agrupamento geográfico dos produtores,
provocando economias de aglomeração). - Se o empresário se afasta do ponto óptimo
definido pelos custos de transporte, é para
realizar economias suplementares nos custos com a
mão de obra, ou para aproveitar as economias de
aglomeração. - A economia assim obtida deve ser superior ao
aumento dos custos de transporte provocado pelo
afastamento do produtor em relação ao seu ponto
óptimo.
55k
56A localização dos serviços A Teoria dos Lugares
Centrais de Christäller (1933)
- Christaller (1933) na sua obra, Die Zentralen
Orte in Suddeutschland - Os Lugares Centrais no
Sul da Alemanha, desenvolveu de forma dedutiva
uma teoria para explicar o número de centros, a
sua dimensão e distribuição no espaço. - Mais tarde foi Lösch que desenvolveu novos
contributos para a teoria dos lugares centrais. - As empresas prestadoras de serviços mantêm as
mesmas preocupações de localização que as outras
unidades produtivas (agrícolas ou industriais). - Porém, a natureza especifica dos serviços sugere
a sua localização em lugares centrais que
garantam volumes mínimos de procura. - Deste modo, um lugar só será apelativo para a
empresa se estiver associado a um mínimo de
mercado que viabilize os investimentos realizados
e a uma população que a ele possa aceder.
57- A construção da teoria dos lugares centrais está
alicerçada num conjunto de pressupostos ou
hipóteses simplificadoras - -A população distribui-se no espaço de forma
homogénea - -A oferta encontra-se espacialmente concentrada
num sistema de lugares centrais - -A procura de bens e serviços oferecidos nesses
lugares é assegurada pela população que neles
vive e pela da sua região complementar - -Os bens e serviços são de ordens de importância
variável, avaliáveis a partir da frequência com
que são necessários - -A ordem dos bens e serviços oferecidos num
centro está associada à própria ordem de
importância do centro ou lugar central - -Um centro que desempenha funções de ordem
superior também desempenha as de ordem inferior.
58- A partir destes pressupostos é possível admitir
que a melhor localização seria encontrada no
centro geométrico de uma determinada zona. - No entanto, há um limite natural, determinado
- pelo limiar da procura (mínimo de procura que
justifica a iniciativa da oferta do bem e
serviço) e, - pelo alcance do bem (custo ou esforço máximo que
o comprador está disposto a suportar para
efectivar a aquisição). - Desta forma, a cada centro corresponderia um
circulo, cujo raio seria determinado pela
ponderação entre a força de vontade do consumidor
de frequentar esse centro e o seu esforço de
deslocação, medido pela distância ou custo de
transporte.
59- Quando o esforço associado à deslocação iguala a
força de vontade do consumidor, está encontrado o
limite do circulo. - Com o aparecimento de novos centros inicia-se um
processo de sobreposição parcial dos círculos que
dará origem a zonas de configuração hexagonal,
pois os consumidores escolherão certamente o
centro que minimize o seu esforço de deslocação. - Os pontos de sobreposição correspondem a zonas de
indiferença para o consumidor aí localizado.
60(No Transcript)
61- Assim, se constituiria, a hierarquia urbana, das
metrópoles dotadas de ópera, até às aldeias com
uma mera mercearia. - A cidade é um lugar central.
- Christäller distingue sete níveis nesta rede
hierarquizada e organizada - Através de uma construção geométrica simples ,
Christäller definiu igualmente (a partir de
observações feitas no sul da Alemanha) o número
dos centros, as distâncias entre os diferentes
centros, as áreas de influência, os volumes de
população envolvidos. - A hierarquia urbana segundo Christaller
62- A natureza diversa do serviço prestado
determinará uma hierarquização, consoante as
funções desempenhadas pelas empresas sejam de
maior ou menor alcance das populações. - Nas cidades pequenas, os serviços disponíveis são
simples (alimentação, vestuário, etc.) e servem
uma população restrita. - Nas cidades grandes, encontramos os serviços e
bens mais sofisticados (ensino superior, ópera,
comércio de luxo, etc.), com uma vasta zona de
influência.
63(No Transcript)
64- Os lugares centrais, no entanto, podem ser de
tamanhos diferentes. - Quanto maior for a população a abastecer e de
mais longe vierem os clientes, mais importante
será um lugar central. o resultado deste processo
é uma hierarquia de lugares centrais de tamanho
diferente. - Porquê uma hierarquia, um sistema ordenado?
- A resposta está nas condições de produção, na
frequência do consumo dos diversos bens e
serviços e na importância orçamental da despesa.
É possível construir uma hierarquia de bens e
serviços. - O conceito de hierarquia aplica-se sobretudo ao
sector terciário (lojas e escritórios). - Fala-se, assim, de serviços superiores (ou
sofisticados) e de serviços banais. - O consumidor está disposto a ir mais longe para
adquirir uns produtos do que outros nem todos os
bens e serviços têm a mesma importância, sendo
possível, portanto, hierarquizá-los.
65- Se quiser comprar um bem durável, que não se
adquira todos os meses (tal como um automóvel ou
um frigorifico), o consumidor está geralmente
disposto a deslocar-se para longe para obter um
melhor preço. - O mesmo raciocínio se aplica aos serviços
escassos médicos especialistas, advogados,
dentistas, etc., cuja qualidade tem muitas vezes
mais importância que o preço. - Para arranjar pão (compra quotidiana) ou ir ao
sapateiro, é pouco provável que o consumidor se
disponha a andar muito. Dizer que o consumo é
frequente acaba por ser o mesmo que dizer que os
custos de transporte são elevados. - Em qualquer território habitado, espera-se,
portanto, ver mais padarias ou sapateiros do que
consultórios de médicos especialistas ou
retalhistas de frigoríficos. As hipóteses de
encontrar por perto um hospital especializado são
muito menores do que encontrar um quiosque de
jornais ou uma mercearia.
66Áreas de mercado complementares num sistema de
lugares centrais
67Redes urbanas e áreas de influencia
- Construamos agora a paisagem económica. Aqui e
ali, as actividades de ordem idêntica vão
agrupar-se, começando pelos produtos do fundo da
hierarquia (cujas áreas de mercado são mais
pequenas), para dar lugar a uma rede de pequenos
lugares centrais. - Estes pequenos burgos, relativamente próximos uns
dos outros, apenas oferecerão os bens e serviços
mais banais mercearia, padaria, posto de
combustíveis, café - O escalão seguinte da hierarquia dos lugares
centrais, composto por cidades maiores, oferecerá
todos os serviços dos pequenos burgos, mais os
serviços de ordem superior. - Cada lugar central de uma dada ordem (de ordem A,
por ex.) oferecerá todos os bens e serviços dos
lugares centrais de nível inferior (A a D), mais
os que são próprios da sua ordem.
68- A junção das diferentes áreas de mercado forma
uma paisagem económica em forma de rede de
hexágonos sobrepostos. - Cada habitante do território está no interior de
um sistema de zonas múltiplas. A área de
influência dos centros de ordem inferior
insere-se na dos centros de nível superior. - A zona de influencia da cidade que ocupa o topo
da hierarquia (ordem A) engloba a do conjunto dos
outros lugares centrais do sistema. Esta cidade é
também a única a oferecer os serviços mais
especializados de ordem superior. - Quanto mais os serviços oferecidos pelo lugar
central forem de ordem elevada, maior será a
distância que os separa dos outros lugares
centrais de ordem semelhante. - Vemos na figura que há maior distância entre as
cidades de ordem B do que de ordem D .
69Limites da teoria dos lugares centrais
- Há uma hierarquia urbana em todos os países do
mundo, embora ela nunca seja perfeitamente igual
ao modelo. São várias as razões que fazem as
hierarquias urbanas afastar-se do modelo ideal - A) a geografia do país (por causa de rios,
montanhas, etc.) afasta-se significativamente da
planície homogénea - B) os obstáculos institucionais (fronteiras
administrativas ou culturais) entravam a
integração do espaço económico do país - C) o poder de compra (rendimentos por família) e
as preferências de consumo não são homogéneas em
todo o território - D) a localização das actividades não comerciais
(instalações militares, função pública,
instituições religiosas, etc.) obedece a uma
lógica diferente da dos lugares centrais - E) o impacto das infra-estruturas (sobretudo de
transporte) sobre as decisões de localização - F) o impacto das economias ou deseconomias de
aglomeração vão contra o modelo - G) a indústria transformadora não se integra
necessariamente em modelos de localização do tipo
dos lugares centrais, o que também é verdade para
determinadas actividades do sector terciário
moderno.
70A localização das actividades de escritório e do
terciário superior
- Polèse refere que cada sector de actividade que
nasce como hoje a informática e, amanhã outro
qualquer, terá o seu próprio perfil geográfico.
Defende igualmente que nesta hegemonia do sector
terciário nas cidades, convém distinguir o sector
terciário tradicional, o qual formado
principalmente por lojas (comércio a retalho) e
serviços pessoais (juridicos, médicos
especialistas, dentistas, cabeleireiros, cafés) ,
do terciário mais moderno. - A terciarização das economias ocidentais é devida
a uma nova categoria de actividades a que podemos
chamar terciário superior, ou sector da
informação, portanto a passagem para actividades
que têm por objecto a prestação de serviços e a
produção de bens intangíveis. - Este fenómeno está ligado ao progresso dos
conhecimentos e às inovações tecnológicas, onde
os processos modernos de produção exigem cada vez
mais saber-fazer, capital intelectual sob a forma
de actividades de consultoria, de concepção, de
investigação e desenvolvimento (serviços à
produção).
71- As designações de terciário superior, terciário
motor ou actividades de escritório, incluem os
serviços às empresas, serviços à produção,
serviços de intermediação, ou seja, destinados a
outras empresas, tratando-se de actividades com
forte incorporação de informação e capital
intelectual, podendo abranger uma gama
diversificada de serviços à produção - consultoria de administração, agências de
publicidade, bancos de investimento, companhias
de seguros, sociedades de gestão de activos
financeiros, gabinetes de contabilidade, outros
gabinetes de aconselhamento técnico e científico,
etc., cujos inputs e outputs são intangíveis. - Parece que este tipo de actividades, localizadas
nos centros das cidades, precisa de estar mais
concentrado espacialmente que as tradicionais
actividades de manufactura. - Estas actividades são consumidoras de informação,
compram, transformam e vendem informação, têm uma
natureza que é baseada na utilização intensiva de
informação e conhecimento. Estas trocas implicam
custos de comunicação e de transacção, pelo que
as empresas do terciário superior têm tendência a
instalar-se em sítios que minimizem estes custos
com a informação.
72- As suas escolhas de localização serão feitas em
função de dois recursos principais, a existência
de mão-de-obra especializada e os custos com a
informação. Isto explica porque este tipo de
actividades se situe em grandes cidades,
beneficiando da sua diversidade e, portanto, de
economias de aglomeração. O triângulo de
localização seguinte esquematiza as escolhas que
se abrem às empresa, as quais sofrem a atracção
dos três pólos. - Orientação geográfica das actividades de
escritório
73- Podemos ter diversas situações consoante a
natureza dos serviços em causa - - Para as actividades cujo serviço final é pouco
sensível à distância e com custos de produção
muito sensíveis à diversidade dos subcontratados
estabelecidos na proximidade, será o pólo I o
mais atractivo, com serviços exportáveis como
concepção de serviços de computador produção de
filmes e emissões de televisão sociedades de
investimento e de gestão de carteiras de títulos
cuja prestação do serviço não exige
necessariamente que uma pessoa se desloque e a
centralidade influência menos as escolhas de
localização - - Para as empresas que têm mercados mais
espacialmente mais diversificados com um sector
de economia intensivo em informação e cujo
produto seja exportado em grande escala terão
tendência para se dirigirem mais para cima na
hierarquia urbana (para as maiores cidades) à
medida que o seu mercado se estende e que a sua
função de produção assenta numa rede cada vez
mais diversificada de serviços especializados
(polo M)
74- L será o pólo determinante no caso da produção
estar baseada em bacias especializadas de
mão-de-obra onde as possibilidades de
substituição são pequenas como o exemplo de
actividades com importante conteúdo técnico -
investigação e desenvolvimento, laboratórios e
actividades que se baseiam em recursos humanos
moveis atraídos por uma qualidade de vida
especifica quadros, profissionais, artistas - Para um escritório cujos custos de comunicação do
serviço final ao cliente sejam elevados (ex.
gabinete de contabilidade) ou qualquer serviço
que exija numerosos contactos e reuniões com o
cliente, o custo de acesso ao mercado é
determinante, pelo que, este tipo de actividade
localiza-se em função da procura, portanto, uma
distribuição espacial que se ajusta ao modelo dos
lugares centrais, seguindo este critério uma
parte importante das empresas do terciário
superior. - Polèse refere o exemplo de Paris como uma cidade
que ocupa o primeiro lugar nos três cantos do
triângulo, assim, para a sede social de um grande
banco francês, é o ponto central do mercado, o
ponto que oferece o máximo de serviços
especializados e o lugar em que grande número de
quadros prefere viver.
751.4.Movimentos de localização das actividades
económicas na transformação dos espaços urbanos
- A propensão relativa do sector terciário em
crescimento para procurar localizações centrais
faz com que a terciarização das estruturas de
emprego progrida mais rapidamente nas grandes
cidades onde, em corolário, o declínio (êxodo) do
sector industrial é mais notório. - À medida que se observa um novo estádio de
desenvolvimento podemos observar uma
reestruturação espacial das actividades nas
cidades. - A terciarização das economias urbanas é
acompanhada por uma redistribuição geográfica das
actividades económicas no interior das cidades. - Podemos observar movimentos de concentração e
outros de expansão física da cidade, consoante as
pressões exercidas sobre os diferentes pontos do
espaço urbano, onde é possível identificar ciclos
urbanos com fases sucessivas de urbanização, de
suburbanização e de reurbanização.
76- A terciarização das estruturas de emprego afecta
todas as grandes cidades do mundo
industrializado. - Pode observar-se nos países industrializados uma
deslocação das actividades industriais das zonas
centrais da região urbana para os arredores e
subúrbios das zonas urbanizadas, o que se
reflecte nas respectivas estruturas de emprego. - À medida que isso acontece, avança a
terciarização nas zonas centrais das regiões
urbanas. - O centro destas regiões continua a crescer apesar
das deslocações para a periferia, o que se deve
ao facto de uma parte mais do que proporcional do
emprego dos sectores mais dinâmicos continuar a
localizar-se no centro.
77- Estas deslocações dentro do território nacional
podem ser analisadas em escalas diferentes onde
se distinguem três níveis de deslocação segundo
as dimensões do espaço em que têm lugar - -Suburbanização
- Representa os movimentos das actividades
económicas da parte central da região urbana para
as zonas periféricas, os quais à escala do país
não modificam as relações de concentração ou de
descentralização entre regiões ou diferentes
aglomerações urbanas. - -Desconcentração
- Representa as deslocações que vão para lá do
perímetro de suburbanização mas que permanecem
dentro de um raio limitado, que se estabelece a
partir de um perímetro correspondente a uma hora
de viagem a partir do pólo central, pode também
falar-se neste caso de descongestionamento ou
movimentos peri-urbanos. - -Descentralização
- Designa as deslocações que ultrapassam o
perímetro de desconcentração e que se dirigem
portanto, para as regiões mais afastadas.
78- A distância é um factor com diferentes impactos
para o sector terciário e para o secundário. - Verifica-se que as indústrias tradicionais estão
a deixar as cidades, enquanto que as indústrias
modernas ou de alta tecnologia devido à
sensibilidade em relação aos custos de informação
que incluem o acesso a uma mão de obra dotada de
formação especifica não podem em geral
localizar-se demasiado longe das grandes
metrópoles, para estas a proximidade da grande
cidade continua a ser um factor determinante. - Assim, refere um processo de expulsão-sucessão
pelo qual as actividades em expansão empurram as
outras para as periferias ou ainda para mais
longe, uma vez que procuram localizações centrais
e são utilizadoras mais intensivas do espaço
urbano. Refere que se verificam duas forças
contraditórias - -Um movimento de centralização com especialização
cada vez mais acentuada dos centros no terciário
superior - -Um movimento de descentralização com a expansão
dos subúrbios e o êxodo das indústrias para
localizações peri-urbanas.
79- Desta forma, o espaço económico e social continua
a transformar-se em função da reorganização
espacial dos empregos e das populações à medida
que evoluem as tecnologias e as estruturas
económicas. - As actividades económicas que exigem e utilizam
intensivamente informação, conhecimento e capital
intelectual parecem influenciar a reestruturação
espacial das actividades nas regiões urbanas. - A relação entre os indivíduos e o território
influencia e é influenciada por mutações sociais,
económicas e tecnológicas. Desde os primórdios da
sedentarização que a questão territorial tem
constituído factor de desenvolvimento humano, ao
mesmo tempo que é, provavelmente, um dos mais
significativos factores de instabilidade e
conflitualidade local e global.
80- 1.5.Centros urbanos, funções e hierarquização
- Caracterização geral dos centros urbanos
- Cidade
- Genericamente uma cidade é um lugar onde a
densidade populacional é elevada. - É também um lugar onde a relação entre diversos
factores, principalmente capital e o solo, são
elevadas na produção de serviços residenciais,
comparadas com áreas vizinhas. - As pessoas trabalham normalmente perto das
próprias residências e as cidades são por isso
co