1.1.Os principais autores e etapas da economia espacial 1.2.Abordagens ao Desenvolvimento econ - PowerPoint PPT Presentation

1 / 219
About This Presentation
Title:

1.1.Os principais autores e etapas da economia espacial 1.2.Abordagens ao Desenvolvimento econ

Description:

Economia Regional e Urbana 1.1.Os principais autores e etapas da economia espacial 1.2.Abordagens ao Desenvolvimento econ mico espacial 1.3.A teoria da Localiza o ... – PowerPoint PPT presentation

Number of Views:883
Avg rating:3.0/5.0
Slides: 220
Provided by: SB7111
Category:

less

Transcript and Presenter's Notes

Title: 1.1.Os principais autores e etapas da economia espacial 1.2.Abordagens ao Desenvolvimento econ


1
1.1.Os principais autores e etapas da
economia espacial 1.2.Abordagens ao
Desenvolvimento económico espacial 1.3.A teoria
da Localização da Actividade Económica1.4.Movimen
tos de localização das actividades económicas na
transformação dos espaços urbanos 1.5.Centros
urbanos, funções e hierarquização 1.6.A
Evolução do fenómeno urbano1.7.Usos do solo em
meio urbano1.8.Factores determinantes da renda
urbana1.9.O mercado do solo urbano2.Desenvolvime
nto Económico e Urbanização3.Externalidades e
Economias de Aglomeração4.A rede urbana, cidades
pequenas e intermédias e áreas metropolitanas
  • Economia Regional e Urbana

2
  • 1.1.Os principais autores e etapas da economia
    espacial
  • Durante algum tempo os economistas ignoraram a
    variável espaço, poucos autores concederam um
    lugar importante ao espaço na história das
    ciências económicas.
  • A primeira verdadeira teoria económica espacial
    nasce no início do século XIX com Von Thünen
    (1826), sendo este autor considerado pela maioria
    dos autores como o grande iniciador da análise
    económica espacial, frequentemente apelidado de
    pai das teorias da localização (Benko, 1999,
    p.37).
  • A sua investigação inovadora influenciou
    numerosos investigadores, tornando-se a base
    teórica da nova economia urbana sendo o primeiro
    a integrar a noção de distância na economia, a
    raciocinar em termos marginalistas e a utilizar
    cálculos econométricos (Benko, 1999, p.40).
  • As teorias económicas espaciais evoluíram de
    forma dispersa ao longo dos séculos.

3
  • As grandes etapas da evolução da economia
    espacial 1800-1950

4
  • A investigação contemporânea baseia-se
    essencialmente num conjunto de teorias e modelos
    propostos entre 1826 e 1950, na sua maior parte
    provenientes de autores de língua alemã, os quais
    fundadores da economia espacial, foram eles que
    estabeleceram os seus princípios gerais. (Benko,
    1999, p.62)
  • Os domínios cobertos pela ciência regional que se
    consolida logo a seguir, são muito diversos, no
    entanto, é possível agrupar os temas em quatro
    famílias (Benko, 1999, p.66)
  • Localização das actividades económicas
  • Organização e estruturação do espaço
  • Interacções espaciais
  • - Desenvolvimento regional

5
A ciência regional 1950-1975 (principais temas e
autores anglo-saxónicos e francófonos)
6
A ciência regional 1975-2000 (principais temas e
autores anglo-saxónicos e francófonos)
7
  • Para Lopes as teorias do desenvolvimento regional
    preocupam-se fundamentalmente com o crescimento
    regional e podem dividir-se em dois grandes
    grupos consoante o tomam como
  • -Visto de fora da região (from outside)
  • -Visto de dentro da região (from inside)
  • Segundo Lopes apesar de ainda estar por formular
    uma teoria de aceitação geral em torno do
    desenvolvimento regional, não se devem ignorar as
    características e limitações dos principais
    modelos teóricos que têm sido propostos.

8
1.2.Abordagens ao Desenvolvimento económico
espacial
  • Desde cedo houve preocupação em perceber quais os
    factores que determinam a organização de
    determinado território.
  • As teorias do desenvolvimento espacial centram-se
    na compreensão dos processos de organização
    espacial das actividades económicas.
  • Uma teoria neste campo deve dar resposta a 5
    questões fundamentais
  • 1ª-Porque crescem as regiões a ritmos diferentes?
  • 2ª-Se o crescimento não é espacialmente uniforme
    quais os factores que explicam o seu surgimento
    em determinadas localizações e como se faz a sua
    difusão espacial?
  • 3ª-Existem no sistema económico mecanismos
    auto-correctores que permitam inverter os
    desequilíbrios económicos regionais?
  • 4ª-Quais os problemas que resultam dos
    desequilíbrios económicos regionais?
  • 5ª-Quais as variáveis sobre as quais se pode
    actuar para corrigir o padrão regional de
    desenvolvimento económico?

9
  • O Papel da Oferta e da Procura
  • A tipificação dos modelos de desenvolvimento
    regional pode ser feita segundo a forma como é
    equacionada a determinação do rendimento, o que
    leva a distinguir os modelos que vêem o
    desenvolvimento regional determinado pelo aumento
    da capacidade produtiva (oferta), dos que põem
    ênfase nos determinantes da procura.
  • Tipos de Desenvolvimento Regional
  • 1º - Inserem-se na tradição neoclássica e na
    impossibilidade de um excesso generalizado de
    produção. Tem subjacente a ideia de que a oferta
    cria a sua procura.
  • 2º - Inseridos na lógica keynesiana, têm
    subjacente a ideia de que a procura cria a
    necessária oferta..

10
  • 1.2.1.A Organização pela oferta

Teoria Neoclássica (abordagem neoclássica do
desenvolvimento regional)
11
  • O modelo neoclássico tem sido a teoria dominante
    com ênfase no lado da oferta, tendo sido alvo de
    muita critica pelos estudiosos da teoria
    regional.
  • Algumas das hipóteses deste modelo ( por exemplo
    a concorrência perfeita) são incompatíveis com a
    realidade do espaço e as suas conclusões são
    incoerentes.
  • Mas a integração de um modelo de mobilidade do
    trabalho e do capital e a possibilidade de
    contemplar a flexibilização de algumas das
    hipóteses mais restritivas continuam a fazer do
    modelo neoclássico um esquema de raciocínio que
    não pode ser ignorado.
  • Até porque a melhoria da mobilidade dos factores
    favorece a redução das disparidades nacionais e
    isto aumenta o interesse político.

12
  • 1.2.2.A
  • organização pela procura
  • e os
  • modelos keynesianos
  • Na teoria keynesiana o elemento central reside no
    facto de qualquer decisão que provoque um fluxo
    adicional de procura, dando origem a decisões em
    cadeia, leva a um acréscimo do nível de
    rendimento.
  • A propagação desses efeitos é traduzido na teoria
    do multiplicador.
  • A questão que se coloca é a de saber de onde
    resulta esse acréscimo exógeno da procura.

13
A Teoria da Base Económica de Exportação
Sendo uma região um sistema aberto, a resposta
mais imediata é a de situar o aumento exógeno da
procura a nível da procura externa. Sobretudo
para as pequenas regiões de economia muito
especializada, será a procura que os seus bens e
serviços tenham nos mercados externos que
determinará as condições de crescimento regional.
Ou seja, o crescimento da região depende do que
a região oferecer aos mercados extra-regionais. N
a sua formulação mais simples, o modelo da base
económica de exportação parte da distinção do
produto das actividades regionais entre o produto
das actividades básicas destinadas à exportação e
o produto das actividades não-básicas destinadas
a satisfazer o consumo interno.
14
  • Muitas regiões tiveram o seu desenvolvimento
    assente na procura extra-regional dirigida aos
    seus recursos naturais e às amenidades(utilidade
    s irreprodutíveis como o clima, a paisagem, o
    património cultural, etc.) ou às actividades que
    sobre os mesmos se apoiam.
  • Mas a competitividade das exportações regionais
    pode estar associada a outras vantagens
    comparativas como os recursos humanos (custo e/ou
    qualidade) ou a excelência do conhecimento e do
    saber fazer em determinados domínios .

15
  • A questão da determinação das actividades que
    constituem a base económica regional é central
    para avaliar as perspectivas de crescimento da
    região.
  • Podemos recorrer a dois métodos
  • 1- O método dos requisitos mínimos
  • A ideia é de considerar exportadoras todas as
    actividades que tenham na região uma presença
    superior a um determinado valor padrão.
  • Esse padrão pode ser o correspondente ao
    menor valor encontrado no conjunto das regiões, o
    valor médio nacional ou outro.
  • A ideia é a de que esse padrão corresponda a uma
    situação de auto suficiência, significando uma
    presença superior da actividade em causa a
    existência de capacidade exportadora.
  • Este método pressupõe estrutura de consumos
    invariantes e equilíbrio nas trocas externas para
    a unidade tomada como padrão.

16
  • 2- O quadro input-output regional
  • Teoricamente, um quadro input-output deveria
    permitir quantificar o valor das exportações e o
    valor das importações correspondentes aos
    diversos sectores em que fosse decomposta a
    economia regional.
  • Infelizmente nem sempre esse nível de informação
    é atingido e, por vezes a determinação das
    exportações e importações regionais acaba por
    recorrer a qualquer variante do método anterior.

17
  • Diversos autores têm vindo a argumentar, que as
    forças de mercado tendem a reforçar
    cumulativamente as vantagens ou desvantagens de
    algumas regiões.
  • Uma forma de ilustrar essa ideia é através de um
    modelo auto-alimentado que combina a teoria da
    base económica de exportação com o efeito das
    economias de escala e das economias de
    aglomeração.
  • Neste modelo haverá dois mecanismos centrais
  • o efeito de Verdoorn que liga a produtividade ao
    volume do produto
  • a procura para as exportações regionais
  • A teoria da causalidade cumulativa

18
Causalidade cumulativa
  • Uma variação exógena das exportações implica, um
    acréscimo de produto, o qual conduz a ganhos de
    produtividade, os quais se repercutem
    favoravelmente no nível de preços internos
    implicando um novo acréscimo das exportações, e
    aqui teríamos o inicio de um novo ciclo.

19
  • As limitações dos modelos anteriores
  • Tratam-se de modelos a-territoriais, onde não
    estão presentes variáveis fundamentais para a
    compreensão do espaço (distância, economias de
    aglomeração, invariantes locacionais, etc.) e que
    pouco contribuem para compreender como se
    processa a organização espacial do
    desenvolvimento (ordenamento do território) e as
    consequências espaço-temporais dessa organização.

20
  • 1.2.3.A
  • organização espacial
  • do
  • desenvolvimento

Teoria dos Polos de Crescimento
A noção de polo de crescimento foi introduzida
por Perroux e baseia-se na constatação de que o
crescimento não surge em toda a parte ao mesmo
tempo, manifesta-se com intensidade variável em
certos pontos ou polos de crescimento propaga-se
segundo vias diferentes e com efeitos variáveis
no conjunto da economia. Perroux considerava o
crescimento económico como o resultado de forças
centrífugas e forças centrípetas a partir de
determinados clusters de firmas e indústrias o
polo.
21
  • Os polos de Perroux eram em primeiro lugar polos
    no espaço económico abstracto e pressupõem uma
    empresa motriz ou indústria motriz.
  • Uma empresa motriz é uma empresa que é
    relativamente grande , gera impulsos
    significativos para a sua envolvente, tem elevada
    capacidade para inovar, e, finalmente, pertence a
    um sector de rápido crescimento.
  • Estas características asseguram à indústria
    motriz um crescimento mais rápido do que o
    conjunto da economia e uma elevada capacidade de
    reboque de outros sectores produtivos.
  • A produção de material de caminho de ferro,
    automóvel ou a informática são exemplos de
    actividades que, em diferentes momentos da
    história, se têm assumido como indústrias
    motrizes.

22
  • Projectando um polo de crescimento do espaço
    sectorial para o espaço geográfico chegaremos ao
    polo de desenvolvimento num contexto regional,
    cuja popularização se deve principalmente a
    Boudeville.
  • A partir destes polos irradiam efeitos difusores
    ou de difusão, favoráveis ao desenvolvimento das
    áreas periféricas.
  • Ao mesmo tempo, os polos exercem sobre os espaços
    envolventes efeitos centrípetos, de polarização
    ou de sucção.
  • O impacte do polo no desenvolvimento regional
    dependerá da combinação concreta dos efeitos de
    difusão e dos efeitos de polarização.
  • Admite-se a existência de polos naturais
    constituídos por grandes cidades.
  • Naturalmente, uma grande cidade poderá conter
    diversos complexos dominados por actividades
    motrizes que lhe garantem um desenvolvimento
    auto-sustentado.

23
  • Teoria dos eixos de desenvolvimento
  • Pottier é aqui uma referência.
  • O eixo de comunicação distingue-se então de uma
    simples via de comunicação e envolve três
    componentes
  • um itinerário espaço natural onde é fácil passar,
    região ou conjunto de regiões que estabelecem
    ligações inter-regionais.
  • Espaço de aptidão natural a concentrar
    movimentos, é também uma cadeia de localizações e
    aglomerações humanas importantes. A localização
    de polos na extremidade reforçam a circulação ao
    longo do itinerário.
  • Uma infra-estrutura complexa de comunicações,
    justapondo as diferentes técnicas de transporte
    ao longo da história e os diversos modos de
    transporte.
  • Uma corrente de circulação, de homens e de
    coisas.
  • A combinação destas três componentes que se
    reforçam mutuamente transformam um eixo de
    comunicação em eixo de desenvolvimento. E para
    isso, cada uma das componentes é essencial.

24
  • O eixo de comunicação por um lado, é um agente de
    impulsão e por outro, um vector de propagação.
  • Os efeitos de impulsão surgem associados a
    quatro aspectos principais
  • 1.Impulsos resultantes da construção de uma nova
    infraestrutura
  • A construção sucessiva de diferentes e novas
    infra-estruturas representam uma concentração de
    investimentos públicos.
  • A construção da infra-estrutura vai permitir a
    circulação de novos modos de transporte que vai
    induzir o surgimento de novas actividades de
    transporte e de novas actividades de suporte ou
    complementares.
  • 2.Impulsos resultantes do abaixamento dos custos
    de transporte
  • em primeiro lugar, a redução dos custos de
    transporte alarga as áreas de mercado, o que vai
    permitir maiores economias de escala.
  • O alargamento das áreas de mercado permite,
    também, a obtenção e limiares mínimos para outras
    actividades que antes não tinham condições de
    sobrevivência.

25
  • Em segundo lugar, a redução dos custos de
    transporte, facilitando as interdependências,
    facilita as especializações regionais e
    possibilita vantagens competitivas das empresas
    através de novas estratégias de organização
    empresarial.
  • Em contrapartida pode levar ao desaparecimento
    das empresas mais frágeis que deixaram de estar
    protegidas pela distância.
  • 3.Impulsos provocados pela expansão da procura
    nas regiões de passagem este impulsos resultam
    de necessidade de resposta à procura dos
    viajantes e à possibilidade que estes fluxos
    geram para valorizar determinados recursos locais
    sobretudo, na perspectiva turística.
  • 4.Impulsos ligados à difusão da informação os
    modelos de difusão de informação ao relevarem o
    diálogo e os contactos interpessoais, evidenciam
    bem a importância dos fluxos de pessoas e bens
    nesse processo de difusão.
  • Os efeitos de propagação, têm a ver com o impacte
    do eixo na forma como distribui o território,
    estando ligados à teoria da localização e à teria
    da renda fundiária

26
  • 1.o eixo de comunicação gera ao longo dele
    múltiplos pontos capazes de virem a ser
    seleccionados como localização de novas empresas
    ou relocalização de empresas já existentes.
  • 2.atrair para as suas proximidades actividades
    marginais de empresas que tendo acesso directo a
    novas vias de comunicação, podem usufruir de
    custos mais baixos.
  • 3.O acréscimo de acessibilidade ao longo do eixo
    permite diferentes escolhas residenciais pelas
    famílias e modifica a distribuição espacial dos
    centros prestadores de serviços.
  • Os efeitos das impulsão (criação) e de propagação
    (distribuição) tornam os eixos de comunicação
    em eixos de desenvolvimento, os quais, traduzem
    a linearização do desenvolvimento económico.
  • Um eixo de desenvolvimento pressupõe um
    itinerário (cadeia de localizações e aglomerações
    humanas) e fluxos potenciais.
  • É por isso que a teoria dos eixos de
    desenvolvimento, apesar da sua capacidade
    explicativa, tem pouca eficácia em termos de
    política, na medida em que, apenas sabemos actuar
    sobre uma das componentes do conceito, a
    infra-estrutura.

27
Os Distritos Industriais
Trata-se de uma abordagem do desenvolvimento que
se insere nos quadros conceptuais do
desenvolvimento regional endógeno ou do
desenvolvimento territorial. A ideia central é
que o desenvolvimento resulta da exploração dos
recursos e das estruturas socioculturais e
organizativas locais. No desenvolvimento são
determinantes as características do meio. Os
determinantes do desenvolvimento local são as
relações sociais e económicas e as relações entre
as empresas. O conceito de distrito industrial
de Marshall surge hoje, muito confundido com o de
sistema produtivo local. Segundo Marshall os
segredos da indústria estão no ar que se respira.
28
  • Características mais importantes de um sistema
    produtivo local (sistema de pequenas empresas)
  • a) Uma forte especialização produtiva a nível
    local sobre diferentes segmentos e sectores à
    volta de um produção típica e fundamental da
    economia local
  • b) Uma produção suficientemente importante
    para ter significado em termos nacionais ou
    internacionais
  • c) Uma divisão avançada do trabalho entre as
    empresas, dado lugar a uma densa rede de
    interdependências produtiva
  • d) Uma multiplicidade de empresas, sem
    existência de uma empresa líder ou dominante,
    preservando a igualdade entre as empresas
    envolvidas no processo de sub-contratacção
  • e) Impulso a favor da especialização produtiva
    a nível da empresa, estimulando a acumulação de
    competências especificas e a introdução de novas
    tecnologias
  • f) Formação progressiva de um sistema de
    informação eficaz, que apoiado informalmente nas
    relações de interdependência das empresas mas
    assegurando uma ampla e rápida circulação de
    informação

29
  • g) Competência dos trabalhadores resultantes da
    sedimentação histórica de conhecimentos do
    produto e das técnicas
  • h) Difusão das relações cara-a-cara entre os
    operadores locais favorecendo as melhorias
    tecnológicas e organizativas e estabelecendo as
    relações empresariais numa base de confiança e de
    empenho pessoais
  • i) Uma forte coesão social e contínua social
    e contínua mobilidade social.
  • Este conjunto de características favorece a
    inovação e a competitividade do sistema produtivo
    local e, sobretudo, estimula o surgimento de novo
    empresariado e a renovação das empresas.
  • O sistema favorece o surgimento de economias
    externas à empresa, estimula a divisão de
    trabalho a inovação tecnológica e a cooperação
    entre as empresas, estimula a divisão e trabalho
    à inovação tecnológica e a cooperação entre as
    empresas.

30
  • O sistema produtivo local reúne, assim, um
    conjunto de factores de sustentabilidade de
    desenvolvimento para o que são estratégicos a
    inovação tecnológico organizativa, o sistema de
    informação, a capacidade de controlo de mercado e
    os mecanismos de regulação social, combinando de
    forma criativa concorrência e cooperação.
  • Para que um meio seja inovador é necessário que
    exista
  • a) Troca de informação, estrutura em redes
    mais ou menos formais que favorecem novas
    oportunidades de negócio. O meio permite
    avaliar a informação quer na base de confiança,
    quer pela possibilidade de contra-verificar
    essa informação.
  • b) Uma concertação relativamente sistemática
    entre diferentes empresas com competências
    diversas.
  • O meio desenvolve, assim, um espaço de
    transacções a baixo custo, suportado por uma
    identidade colectiva que garante a coerência do
    território e uma solidariedade territorial, dando
    origem a relações de cooperação-concorrência.
  • c) O desenvolvimento de uma cultura técnica,
    baseada na partilha do conhecimento e do saber,
    criando um processo de aprendizagem e inovação
    colectiva.

31
  • Estas abordagens enfatizam as características do
    meio como determinantes do desenvolvimento, pelo
    que estas não são facilmente reprodutíveis em que
    a política se orienta preferencialmente para a
    inovação, a formação e a promoção do espírito
    empresarial.
  • Os factores imateriais de desenvolvimento ganham
    todo o relevo nas abordagens do desenvolvimento
    territorial.
  • As abordagens territorialistas tendem a enfatizar
    o papel das pequenas e médias empresas
    independentes e as redes que elas constituem.
  •  

32
1.3.Teoria da Localização
  • As localizações não acontecem por acaso, desde
    uma estrada, uma fábrica ou um supermercado.
  • Todas as localizações são um objecto de um
    processo de decisão que pode pretender maximizar
    um rendimento ou outro valor, ou minimizar
    esforços, custos ou optimizar o saldo dos
    benefícios e dos custos seja qual for a escala ou
    a metodologia utilizada.
  • O processo de decisão seja implícito ou
    explícito, é complexo porque os intervenientes
    são variados, de diversa natureza e actuam de
    forma multi-variada (indivíduos, famílias,
    empresas, actividades, governo), as decisões são
    interactuantes, a interdependência das escalas de
    análise e porque os recursos, agentes e
    actividades são na sua maioria dotados de
    mobilidade.
  • As actividades económicas, sejam industriais,
    agrícolas ou de serviços, disputam o espaço, pelo
    que, uma localização depende do que a actividade
    estará na disposição de pagar para a ter.

33
  • Neste âmbito há um conjunto de questões que se
    colocam
  • -Como é que o espaço se reparte pelas várias
    utilizações possíveis?
  • -Porque é que certas funções se localizam no
    centro da cidade e outras nos arredores?
  • -Através de que mecanismos se decidem as várias
    ocupações do solo urbano?
  • -Porque é que muitas vezes o valor dos solos é
    mais elevado no centro?
  • -Quais os factores que determinam o preço do
    solo?
  • -Porque é que algumas famílias optam por viver em
    moradias nos arredores enquanto que outras
    preferem os grandes prédios dos bairros centrais?

34
  • Os primeiros escritos sobre este tema datam do
    século XIX, tendo-se desenvolvido, desde essa
    altura, uma abundante literatura sobre teorias da
    localização e modelos de localização.
  • Estes temas são também objecto da chamada
    geografia económica a qual, segundo Krugman
    (1999), ocupa-se de estudar onde a actividade
    económica ocorre e porquê, uma vez que, todos os
    fenómenos económicos têm lugar num espaço
    geográfico determinado.
  • Os avanços do processo de globalização e
    integração económica em curso na economia mundial
    na última década do século XX trouxeram um
    interesse acrescido entre a comunidade cientifica
    em matéria relacionadas com as questões
    económicas espaciais.
  • Trabalhos como o de Krugman (1991), Porter
    (1990), Fujita (1990), Isard (1998), Hewings
    (1999) e Nijkamp Paellink (1998) contribuíram
    decisivamente para a consolidação dos fundamentos
    desta disciplina.
  • Importa referir que há uma longa tradição de
    investigação nesta área como os trabalhos de Von
    Thünen (1826) Weber (1909), Marshall (1920),
    Hotelling (1929), Palander (1935), Hoover (1948),
    Perroux (1950), Lösch (1954), Moses (1958),
    Chinitz (1961), Vernon (1960), Christaller
    (1966), entre muitos outros.

35
  • Modelos de localização das actividades
    económicas
  • A localização das actividades agrícolas O modelo
    de Von Thünen (1783-1850)
  • É para muitos o fundador da análise económica
    espacial, autor da teoria sobre a formação e
    estruturação do espaço agrícola, inspiradora de
    inúmeros estudos sobre a localização das
    actividades no espaço urbano desenvolvidos a
    partir de 1960.
  • Von Thünen reflecte sobre a formação da paisagem
    rural na sua obra O Estado Isolado nas suas
    relações com a agricultura e a economia nacional
    (1826).

36
  • Na sua reflexão sobre o espaço rural, começa por
    enunciar as hipóteses que suportam a análise
    desenvolvida na sua obra, considerando que
  • Existe uma grande cidade isolada no meio de uma
    planície e um só mercado
  • A planície é um espaço de produção agrícola
    homogéneo e igual em toda a sua extensão,
    possuindo exactamente a mesma fertilidade em
    todas as partes e facilidades de transporte
  • O campo à volta da cidade fornece a esta todos os
    produtos alimentares recebendo desta os produtos
    manufacturados de que necessita
  • Os custos de transporte são uniformes e
    proporcionais ao peso e à distância e os custos
    de produção não variam no espaço
  • Cada produto agrícola tem um só preço de venda na
    cidade
  • O mercado permite a livre entrada de
    agricultores
  • Cultiva-se o produto que utilize o solo do modo
    mais vantajoso, isto é, aquele que proporciona a
    renda fundiária mais elevada
  • O objectivo de quem produz é sempre a maximização
    do lucro
  • Verifica-se informação completa sobre preços,
    custos de transporte e métodos de produção.

37
  • A renda fundiária
  • O principio básico sobre o qual assenta a análise
    de Thünen é o conceito de renda fundiária, que no
    seu entender corresponde ao rendimento da
    exploração diminuído dos juros do valor das
    construções, cercas e de todos os outros objectos
    que podem ser separados do solo.
  • De entre os factores que explicam a existência da
    renda fundiária assim definida, o autor atribui
    importância especial ao factor distância.
  • O modelo baseia-se no principio de que os custos
    de transporte são a base explicativa dos
    diferenciais da renda no espaço.
  • Assim, o único factor que podia diferenciar as
    condições de produção de duas explorações é o
    custo de transporte até à cidade, que será tanto
    mais elevado quanto maior for a distância a que a
    exploração se encontrar.
  • O autor preocupou-se com o surgimento de
    diferentes rendas em resultado de diferentes
    localizações.

38
  • Além da distância, o autor considera que a origem
    da renda fundiária está associada também à
    possibilidade de os agricultores poderem, optar
    por culturas mais ou menos intensivas do solo.
  • Para ele, as variações na renda do solo são
    devidas aos diferenciais de custo de transporte ,
    em que a cultura com maior produção liquida por
    unidade de superfície faz um uso do solo mais
    intenso e localiza-se por isso mais próximo do
    mercado.
  • Thünen conclui que a origem da renda nasce não só
    da vantagem que uma exploração tem sobre a outra
    em termos de localização, mas também,em termos de
    produção.

39
  • O modelo
  • O que sucede quando temos vários produtos
    agrícolas, exigindo processos de produção
    distintos e que disputam simultaneamente o mesmo
    espaço rural?
  • Thünen irá concluir que o ordenamento das
    culturas se fará em círculos concêntricos à
    voltada cidade, e em função da renda fundiária
    associada a cada parcela de terra que é
    cultivada.

40
  • Segundo Thünen, na zona adjacente à cidade,
    encontramos a produção dos produtos mais
    perecíveis, nomeadamente os legumes e o leite.
  • Nesse 1º circulo, onde as rendas são muito
    elevadas, pratica-se uma cultura intensiva,
    comprando-se na cidade a maior parte dos adubos.
  • O inicio da 2ª coroa corresponde aproximadamente
    à distância onde deixa de ser vantajoso comprar
    na cidade os fertilizantes para as terras,
    optando os agricultores por os adubar com estrume
    produzido no local. É nesta área que se produz a
    madeira que é utilizada na cidade como
    combustível e para a construção civil.
  • A razão principal é que sendo o custo de
    transporte da madeira oneroso mas constituindo
    esta um bem importante do qual a cidade não pode
    prescindir , o preço de mercado situar-se-á a um
    nível tal que permita à produção de madeira
    ocupar uma área não muito distante da cidade.

41
  • As três zonas seguintes correspondem a áreas em
    que se produzem sobretudo cereais, assim, no 3º
    circulo não há terras em pousio alternando-se
    culturas como o trigo, centeio, cevada, batatas,
    entre outros.
  • No 4º circulo o centeio é cultivado com
    periodicidade de sete anos, alternando com a
    cultura de outros produtos e um ano de pousio.
  • No 5º circulo pratica-se o afolhamento trienal
    das terras, cultivando-se num ano de cereais, no
    ano seguinte pastagens e deixando-se a terra em
    pousio no 3º ano.
  • O 6º e último circulo, é uma área de criação de
    gado sendo comercializados na cidade produtos
    como a carne, o queijo, ou a manteiga que além
    doutras características, suportam viagens
    relativamente longas sem se deteriorarem.
  • Para além do 6º circulo poderá ainda encontrar-se
    população dispersa.

42
  • O alargamento das hipóteses do modelo
  • Enriquecendo o modelo, Von Thünen reintroduz
    elementos que no inicio, tinha afastado e abre
    caminho a uma teorização mais complexa e mais
    exacta das utilizações da terra.
  • A presença de um curso de água navegável (um rio)
    , ou de uma estrada importante, prolonga as áreas
    concêntricas em fusos situados ao longo dessas
    vias.
  • A existência de várias cidades, as diferenças de
    fertilidade dos solos, a variação da fiscalidade,
    podem por seu turno deformar o modelo inicial.
  • Repare-se que em qualquer destes casos de
    modificação de hipóteses, o essencial mantém-se,
    isto é, Thünen consegue demonstrar que a
    estruturação do espaço rural depende do modo como
    ele se articula com o centro urbano que abastece.

43
Ilustração do alargamento das hipóteses do modelo
de Thünen
44
A teoria de Thünen na actualidade
  • Passados quase dois séculos sobre a sua
    publicação, é natural que se questione a sua
    aplicabilidade.
  • Nos dias de hoje, relativamente ao passado,
    verifica-se uma drástica diminuição da
    importância relativa dos custos de transporte nos
    custos totais das empresas, agrícolas ou não,
    deixando de ser clara a importância do factor
    transporte na escolha das terras e dos produtos.
  • O desenvolvimento tecnológico veio alterar as
    premissas, pelo que os sistemas de conservação
    actuais permitem abastecer qualquer grande cidade
    com leite e legumes provenientes de muito longe.
  • O modelo de Thünen não constitui actualmente uma
    análise satisfatória para descrever a utilização
    agrícola da terra.

45
  • Que resta então nos dias de hoje da obra de
    Thünen?
  • A sua teoria encontrou na actualidade um segundo
    fôlego na área da nova economia urbana em que se
    faz uma analogia entre a formação da paisagem
    rural e a utilização do espaço intra-urbano
  • o conjunto de produtores agrícolas dispersos no
    espaço e obrigados a vender os seus produtos num
    único mercado, a cidade, são substituídos pelo
    conjunto de trabalhadores e as suas famílias
    obrigados a deslocar-se diariamente para os seus
    empregos que se supõem estar todos concentrados
    no centro da cidade
  • Supõe-se que a cidade é servida por um sistema de
    transportes radial
  • O espaço é homogéneo e o solo está disponível
    para uso residencial
  • Cada individuo tem uma função utilidade e não
    existem externalidades
  • O modelo permite estabelecer as condições óptimas
    para a localização residencial de cada individuo
    e as condições de equilíbrio do conjunto de
    indivíduos
  • - É o modelo onde se inscreve a análise da
    utilização do espaço intra-urbano.

46
Generalização do modelo a outras actividades
económicas
  • A relação apresentada para as produções agrícolas
    pode generalizar-se para o conjunto de sectores
    da economia.
  • A empresa cujo rendimento por hectare for o mais
    elevado será a primeira a localizar-se no centro.
  • Quanto maior for o rendimento do solo que um
    utilizador obtiver e quanto mais sensível ele for
    aos custos de transporte mais disposto estará a
    pagar para aí se instalar.
  • A produção de consultas num escritório de
    consultores em gestão , não exige muito espaço.
    Alguns metros quadrados são suficientes para
    instalar os empregados, classificar os documentos
    e arrumar os computadores.
  • No outro extremo, um criador de gado, necessita
    de vários quilómetros quadrados para produzir
    rendimentos equivalentes.

47
  • O espaço tende a ser utilizado mais
    intensivamente no centro decrescendo a
    intensidade de utilização em todas as direcções
    para a periferia.
  • Os sectores económicos utilizadores de menores
    quantidades de solo (por ex. os que possam
    funcionar em construções em altura) tenderão a
    localizar-se mais perto do centro, enquanto os
    utilizadores extensivos de solo tenderão a
    localizar-se na periferia.
  • É de esperar encontrar escritórios numa
    localização central, por exemplo a baixa, vindo
    as fábricas em seguida e bem mais longe as
    grandes explorações agrícolas.

48
Curvas de renda e utilização do solo urbano
  • Generalizando os conceitos de rendimento e de
    custo de transporte, é possível elaborar um
    modelo completo de utilização do solo para um
    espaço urbano.
  • Numa cidade hipotética podemos observar que o
    centro está ocupado em primeiro lugar por
    escritórios e lojas especializadas, seguidos por
    actividades industriais ligeiras (confecções,
    artes gráficas) e por algumas funções de
    armazenamento e de distribuição, depois há as
    zonas residenciais, zonas industriais e,
    finalmente, terras consagradas à agricultura.

49
A localização da indústria O modelo de Weber
  • O nome de Alfred Weber (1868-1958) marca o
    pensamento da história económica espacial, sendo
    frequentemente considerado como o fundador do
    modelo de localização industrial.
  • Por definição as empresas são móveis, podem
    localizar-se em qualquer ponto do espaço, no
    entanto, do ponto de vista dos custos de
    produção, os locais não são equivalentes,
    existindo um local preciso onde a produção se
    realizará ao custo mínimo.
  • A produção precisa de inputs (entradas), como as
    matérias-primas, a energia e a mão-de-obra, entre
    outros factores, e o produto acabado ou
    semi-acabado (output, ou saída) deve ser vendido
    no mercado.
  • Deste modo, cada estabelecimento encontra-se no
    centro de uma rede de fluxos.

50
  • Localizar uma produção industrial é escolher o
    local óptimo para maximizar o lucro, que
    constitui o objectivo de todos os empreendimentos
    económicos.
  • Weber estudou empiricamente a evolução da
    localização das industrias na Alemanha entre 1860
    e 1895.
  • Na sua obra Sobre a localização das industrias
    1909, dá uma resposta global a esta questão.
  • Este autor sugeria então que haveria três
    factores que determinariam a localização da
    empresa industrial
  • O custo de transporte
  • Os custos do trabalho
  • As vantagens associadas à aglomeração (economias
    de aglomeração).

51
  • Assumiu um quadro de hipóteses relativamente
    restrito mas apropriado à economia da época
  • -um país isolado
  • -consumidores concentrados em centros urbanos
    pré-determinados
  • -mercados perfeitamente competitivos
  • -custos de transporte uniformes em termos de
    preço/distância
  • -certos recursos naturais, água e materiais de
    construção
  • -certos recursos localizados, energia e
    matérias-primas industriais
  • -factor trabalho disponível apenas em certos
    lugares.

52
Esquema de localização de Weber
  • Weber concluía que os custos de transporte
    ditariam, em larga medida, a localização da
    empresa.
  • Em termos mais concretos, o autor sugeria que, na
    medida em que os custos de transporte
    constituíssem uma parte considerável dos custos
    totais, a localização das empresas resultaria da
    ponderação entre os custos de transporte por
    unidade de distância da matéria-prima e do
    produto transformado.
  • Parte de um esquema triangular, em que cada
    ângulo representa um elemento da produção
    energia, matéria-prima, mercado de consumo.
  • Pressupõe os custos de transporte proporcionais à
    distância e ao peso, permitindo assim assimilar
    os pesos a transportar as forças, o que
    transforma o problema numa equação matemática
    (mecânica clássica ou geométrica) em que procura
    o ponto de equilíbrio correspondente à
    localização óptima.
  • Neste modelo a empresa é racional, pelo que
    procurará localizar-se onde tiver melhores
    perspectivas de lucros máximos.

53
Esquema de triangulo de localização de Weber
  • Dados A, B e M, a empresa irá decidir a sua
    localização em função dos seus custos totais, os
    quais envolvem não apenas os custos com os inputs
    mas também os custos de transporte para o mercado
    e para as fontes de origem dos inputs ou
    matérias-primas.
  • Graficamente, o ponto onde os custos totais se
    minimizam é o ponto K, pelo que será aí que a
    empresa se deverá localizar.
  • Tal estratégia expressa-se na maximização dos
    lucros, pelo que a localização que assegura lucro
    máximo à empresa é aquela em que os seus custos
    totais são minimizados, isto é, em que a soma
    total dos inputs com o total dos custos de
    transporte são minimizados.

k
54
  • Weber não tardou a modificar o seu esquema
    inicial a fim de ter em conta, por um lado, a
    atracção exercida pelos centros de mão de obra
    vantajosos (diferenças nos custos de trabalho),
    e, por outro, as forças aglomeradoras
    (agrupamento geográfico dos produtores,
    provocando economias de aglomeração).
  • Se o empresário se afasta do ponto óptimo
    definido pelos custos de transporte, é para
    realizar economias suplementares nos custos com a
    mão de obra, ou para aproveitar as economias de
    aglomeração.
  • A economia assim obtida deve ser superior ao
    aumento dos custos de transporte provocado pelo
    afastamento do produtor em relação ao seu ponto
    óptimo.

55
k
56
A localização dos serviços A Teoria dos Lugares
Centrais de Christäller (1933)
  • Christaller (1933) na sua obra, Die Zentralen
    Orte in Suddeutschland - Os Lugares Centrais no
    Sul da Alemanha, desenvolveu de forma dedutiva
    uma teoria para explicar o número de centros, a
    sua dimensão e distribuição no espaço.
  • Mais tarde foi Lösch que desenvolveu novos
    contributos para a teoria dos lugares centrais.
  • As empresas prestadoras de serviços mantêm as
    mesmas preocupações de localização que as outras
    unidades produtivas (agrícolas ou industriais).
  • Porém, a natureza especifica dos serviços sugere
    a sua localização em lugares centrais que
    garantam volumes mínimos de procura.
  • Deste modo, um lugar só será apelativo para a
    empresa se estiver associado a um mínimo de
    mercado que viabilize os investimentos realizados
    e a uma população que a ele possa aceder.

57
  • A construção da teoria dos lugares centrais está
    alicerçada num conjunto de pressupostos ou
    hipóteses simplificadoras
  • -A população distribui-se no espaço de forma
    homogénea
  • -A oferta encontra-se espacialmente concentrada
    num sistema de lugares centrais
  • -A procura de bens e serviços oferecidos nesses
    lugares é assegurada pela população que neles
    vive e pela da sua região complementar
  • -Os bens e serviços são de ordens de importância
    variável, avaliáveis a partir da frequência com
    que são necessários
  • -A ordem dos bens e serviços oferecidos num
    centro está associada à própria ordem de
    importância do centro ou lugar central
  • -Um centro que desempenha funções de ordem
    superior também desempenha as de ordem inferior.

58
  • A partir destes pressupostos é possível admitir
    que a melhor localização seria encontrada no
    centro geométrico de uma determinada zona.
  • No entanto, há um limite natural, determinado
  • pelo limiar da procura (mínimo de procura que
    justifica a iniciativa da oferta do bem e
    serviço) e,
  • pelo alcance do bem (custo ou esforço máximo que
    o comprador está disposto a suportar para
    efectivar a aquisição).
  • Desta forma, a cada centro corresponderia um
    circulo, cujo raio seria determinado pela
    ponderação entre a força de vontade do consumidor
    de frequentar esse centro e o seu esforço de
    deslocação, medido pela distância ou custo de
    transporte.

59
  • Quando o esforço associado à deslocação iguala a
    força de vontade do consumidor, está encontrado o
    limite do circulo.
  • Com o aparecimento de novos centros inicia-se um
    processo de sobreposição parcial dos círculos que
    dará origem a zonas de configuração hexagonal,
    pois os consumidores escolherão certamente o
    centro que minimize o seu esforço de deslocação.
  • Os pontos de sobreposição correspondem a zonas de
    indiferença para o consumidor aí localizado.

60
(No Transcript)
61
  • Assim, se constituiria, a hierarquia urbana, das
    metrópoles dotadas de ópera, até às aldeias com
    uma mera mercearia.
  • A cidade é um lugar central.
  • Christäller distingue sete níveis nesta rede
    hierarquizada e organizada
  • Através de uma construção geométrica simples ,
    Christäller definiu igualmente (a partir de
    observações feitas no sul da Alemanha) o número
    dos centros, as distâncias entre os diferentes
    centros, as áreas de influência, os volumes de
    população envolvidos.
  • A hierarquia urbana segundo Christaller

62
  • A natureza diversa do serviço prestado
    determinará uma hierarquização, consoante as
    funções desempenhadas pelas empresas sejam de
    maior ou menor alcance das populações.
  • Nas cidades pequenas, os serviços disponíveis são
    simples (alimentação, vestuário, etc.) e servem
    uma população restrita.
  • Nas cidades grandes, encontramos os serviços e
    bens mais sofisticados (ensino superior, ópera,
    comércio de luxo, etc.), com uma vasta zona de
    influência.

63
(No Transcript)
64
  • Os lugares centrais, no entanto, podem ser de
    tamanhos diferentes.
  • Quanto maior for a população a abastecer e de
    mais longe vierem os clientes, mais importante
    será um lugar central. o resultado deste processo
    é uma hierarquia de lugares centrais de tamanho
    diferente.
  • Porquê uma hierarquia, um sistema ordenado?
  • A resposta está nas condições de produção, na
    frequência do consumo dos diversos bens e
    serviços e na importância orçamental da despesa.
    É possível construir uma hierarquia de bens e
    serviços.
  • O conceito de hierarquia aplica-se sobretudo ao
    sector terciário (lojas e escritórios).
  • Fala-se, assim, de serviços superiores (ou
    sofisticados) e de serviços banais.
  • O consumidor está disposto a ir mais longe para
    adquirir uns produtos do que outros nem todos os
    bens e serviços têm a mesma importância, sendo
    possível, portanto, hierarquizá-los.

65
  • Se quiser comprar um bem durável, que não se
    adquira todos os meses (tal como um automóvel ou
    um frigorifico), o consumidor está geralmente
    disposto a deslocar-se para longe para obter um
    melhor preço.
  • O mesmo raciocínio se aplica aos serviços
    escassos médicos especialistas, advogados,
    dentistas, etc., cuja qualidade tem muitas vezes
    mais importância que o preço.
  • Para arranjar pão (compra quotidiana) ou ir ao
    sapateiro, é pouco provável que o consumidor se
    disponha a andar muito. Dizer que o consumo é
    frequente acaba por ser o mesmo que dizer que os
    custos de transporte são elevados.
  • Em qualquer território habitado, espera-se,
    portanto, ver mais padarias ou sapateiros do que
    consultórios de médicos especialistas ou
    retalhistas de frigoríficos. As hipóteses de
    encontrar por perto um hospital especializado são
    muito menores do que encontrar um quiosque de
    jornais ou uma mercearia.

66
Áreas de mercado complementares num sistema de
lugares centrais
67
Redes urbanas e áreas de influencia
  • Construamos agora a paisagem económica. Aqui e
    ali, as actividades de ordem idêntica vão
    agrupar-se, começando pelos produtos do fundo da
    hierarquia (cujas áreas de mercado são mais
    pequenas), para dar lugar a uma rede de pequenos
    lugares centrais.
  • Estes pequenos burgos, relativamente próximos uns
    dos outros, apenas oferecerão os bens e serviços
    mais banais mercearia, padaria, posto de
    combustíveis, café
  • O escalão seguinte da hierarquia dos lugares
    centrais, composto por cidades maiores, oferecerá
    todos os serviços dos pequenos burgos, mais os
    serviços de ordem superior.
  • Cada lugar central de uma dada ordem (de ordem A,
    por ex.) oferecerá todos os bens e serviços dos
    lugares centrais de nível inferior (A a D), mais
    os que são próprios da sua ordem.

68
  • A junção das diferentes áreas de mercado forma
    uma paisagem económica em forma de rede de
    hexágonos sobrepostos.
  • Cada habitante do território está no interior de
    um sistema de zonas múltiplas. A área de
    influência dos centros de ordem inferior
    insere-se na dos centros de nível superior.
  • A zona de influencia da cidade que ocupa o topo
    da hierarquia (ordem A) engloba a do conjunto dos
    outros lugares centrais do sistema. Esta cidade é
    também a única a oferecer os serviços mais
    especializados de ordem superior.
  • Quanto mais os serviços oferecidos pelo lugar
    central forem de ordem elevada, maior será a
    distância que os separa dos outros lugares
    centrais de ordem semelhante.
  • Vemos na figura que há maior distância entre as
    cidades de ordem B do que de ordem D .

69
Limites da teoria dos lugares centrais
  • Há uma hierarquia urbana em todos os países do
    mundo, embora ela nunca seja perfeitamente igual
    ao modelo. São várias as razões que fazem as
    hierarquias urbanas afastar-se do modelo ideal
  • A) a geografia do país (por causa de rios,
    montanhas, etc.) afasta-se significativamente da
    planície homogénea
  • B) os obstáculos institucionais (fronteiras
    administrativas ou culturais) entravam a
    integração do espaço económico do país
  • C) o poder de compra (rendimentos por família) e
    as preferências de consumo não são homogéneas em
    todo o território
  • D) a localização das actividades não comerciais
    (instalações militares, função pública,
    instituições religiosas, etc.) obedece a uma
    lógica diferente da dos lugares centrais
  • E) o impacto das infra-estruturas (sobretudo de
    transporte) sobre as decisões de localização
  • F) o impacto das economias ou deseconomias de
    aglomeração vão contra o modelo
  • G) a indústria transformadora não se integra
    necessariamente em modelos de localização do tipo
    dos lugares centrais, o que também é verdade para
    determinadas actividades do sector terciário
    moderno.

70
A localização das actividades de escritório e do
terciário superior
  • Polèse refere que cada sector de actividade que
    nasce como hoje a informática e, amanhã outro
    qualquer, terá o seu próprio perfil geográfico.
    Defende igualmente que nesta hegemonia do sector
    terciário nas cidades, convém distinguir o sector
    terciário tradicional, o qual formado
    principalmente por lojas (comércio a retalho) e
    serviços pessoais (juridicos, médicos
    especialistas, dentistas, cabeleireiros, cafés) ,
    do terciário mais moderno.
  • A terciarização das economias ocidentais é devida
    a uma nova categoria de actividades a que podemos
    chamar terciário superior, ou sector da
    informação, portanto a passagem para actividades
    que têm por objecto a prestação de serviços e a
    produção de bens intangíveis.
  • Este fenómeno está ligado ao progresso dos
    conhecimentos e às inovações tecnológicas, onde
    os processos modernos de produção exigem cada vez
    mais saber-fazer, capital intelectual sob a forma
    de actividades de consultoria, de concepção, de
    investigação e desenvolvimento (serviços à
    produção).

71
  • As designações de terciário superior, terciário
    motor ou actividades de escritório, incluem os
    serviços às empresas, serviços à produção,
    serviços de intermediação, ou seja, destinados a
    outras empresas, tratando-se de actividades com
    forte incorporação de informação e capital
    intelectual, podendo abranger uma gama
    diversificada de serviços à produção
  • consultoria de administração, agências de
    publicidade, bancos de investimento, companhias
    de seguros, sociedades de gestão de activos
    financeiros, gabinetes de contabilidade, outros
    gabinetes de aconselhamento técnico e científico,
    etc., cujos inputs e outputs são intangíveis.
  • Parece que este tipo de actividades, localizadas
    nos centros das cidades, precisa de estar mais
    concentrado espacialmente que as tradicionais
    actividades de manufactura.
  • Estas actividades são consumidoras de informação,
    compram, transformam e vendem informação, têm uma
    natureza que é baseada na utilização intensiva de
    informação e conhecimento. Estas trocas implicam
    custos de comunicação e de transacção, pelo que
    as empresas do terciário superior têm tendência a
    instalar-se em sítios que minimizem estes custos
    com a informação.

72
  • As suas escolhas de localização serão feitas em
    função de dois recursos principais, a existência
    de mão-de-obra especializada e os custos com a
    informação. Isto explica porque este tipo de
    actividades se situe em grandes cidades,
    beneficiando da sua diversidade e, portanto, de
    economias de aglomeração. O triângulo de
    localização seguinte esquematiza as escolhas que
    se abrem às empresa, as quais sofrem a atracção
    dos três pólos.
  • Orientação geográfica das actividades de
    escritório

73
  • Podemos ter diversas situações consoante a
    natureza dos serviços em causa
  • - Para as actividades cujo serviço final é pouco
    sensível à distância e com custos de produção
    muito sensíveis à diversidade dos subcontratados
    estabelecidos na proximidade, será o pólo I o
    mais atractivo, com serviços exportáveis como
    concepção de serviços de computador produção de
    filmes e emissões de televisão sociedades de
    investimento e de gestão de carteiras de títulos
    cuja prestação do serviço não exige
    necessariamente que uma pessoa se desloque e a
    centralidade influência menos as escolhas de
    localização
  • - Para as empresas que têm mercados mais
    espacialmente mais diversificados com um sector
    de economia intensivo em informação e cujo
    produto seja exportado em grande escala terão
    tendência para se dirigirem mais para cima na
    hierarquia urbana (para as maiores cidades) à
    medida que o seu mercado se estende e que a sua
    função de produção assenta numa rede cada vez
    mais diversificada de serviços especializados
    (polo M)

74
  • L será o pólo determinante no caso da produção
    estar baseada em bacias especializadas de
    mão-de-obra onde as possibilidades de
    substituição são pequenas como o exemplo de
    actividades com importante conteúdo técnico -
    investigação e desenvolvimento, laboratórios e
    actividades que se baseiam em recursos humanos
    moveis atraídos por uma qualidade de vida
    especifica quadros, profissionais, artistas
  • Para um escritório cujos custos de comunicação do
    serviço final ao cliente sejam elevados (ex.
    gabinete de contabilidade) ou qualquer serviço
    que exija numerosos contactos e reuniões com o
    cliente, o custo de acesso ao mercado é
    determinante, pelo que, este tipo de actividade
    localiza-se em função da procura, portanto, uma
    distribuição espacial que se ajusta ao modelo dos
    lugares centrais, seguindo este critério uma
    parte importante das empresas do terciário
    superior.
  • Polèse refere o exemplo de Paris como uma cidade
    que ocupa o primeiro lugar nos três cantos do
    triângulo, assim, para a sede social de um grande
    banco francês, é o ponto central do mercado, o
    ponto que oferece o máximo de serviços
    especializados e o lugar em que grande número de
    quadros prefere viver.

75
1.4.Movimentos de localização das actividades
económicas na transformação dos espaços urbanos
  • A propensão relativa do sector terciário em
    crescimento para procurar localizações centrais
    faz com que a terciarização das estruturas de
    emprego progrida mais rapidamente nas grandes
    cidades onde, em corolário, o declínio (êxodo) do
    sector industrial é mais notório.
  • À medida que se observa um novo estádio de
    desenvolvimento podemos observar uma
    reestruturação espacial das actividades nas
    cidades.
  • A terciarização das economias urbanas é
    acompanhada por uma redistribuição geográfica das
    actividades económicas no interior das cidades.
  • Podemos observar movimentos de concentração e
    outros de expansão física da cidade, consoante as
    pressões exercidas sobre os diferentes pontos do
    espaço urbano, onde é possível identificar ciclos
    urbanos com fases sucessivas de urbanização, de
    suburbanização e de reurbanização.

76
  • A terciarização das estruturas de emprego afecta
    todas as grandes cidades do mundo
    industrializado.
  • Pode observar-se nos países industrializados uma
    deslocação das actividades industriais das zonas
    centrais da região urbana para os arredores e
    subúrbios das zonas urbanizadas, o que se
    reflecte nas respectivas estruturas de emprego.
  • À medida que isso acontece, avança a
    terciarização nas zonas centrais das regiões
    urbanas.
  • O centro destas regiões continua a crescer apesar
    das deslocações para a periferia, o que se deve
    ao facto de uma parte mais do que proporcional do
    emprego dos sectores mais dinâmicos continuar a
    localizar-se no centro.

77
  • Estas deslocações dentro do território nacional
    podem ser analisadas em escalas diferentes onde
    se distinguem três níveis de deslocação segundo
    as dimensões do espaço em que têm lugar
  • -Suburbanização
  • Representa os movimentos das actividades
    económicas da parte central da região urbana para
    as zonas periféricas, os quais à escala do país
    não modificam as relações de concentração ou de
    descentralização entre regiões ou diferentes
    aglomerações urbanas.
  • -Desconcentração
  • Representa as deslocações que vão para lá do
    perímetro de suburbanização mas que permanecem
    dentro de um raio limitado, que se estabelece a
    partir de um perímetro correspondente a uma hora
    de viagem a partir do pólo central, pode também
    falar-se neste caso de descongestionamento ou
    movimentos peri-urbanos.
  • -Descentralização
  • Designa as deslocações que ultrapassam o
    perímetro de desconcentração e que se dirigem
    portanto, para as regiões mais afastadas.

78
  • A distância é um factor com diferentes impactos
    para o sector terciário e para o secundário.
  • Verifica-se que as indústrias tradicionais estão
    a deixar as cidades, enquanto que as indústrias
    modernas ou de alta tecnologia devido à
    sensibilidade em relação aos custos de informação
    que incluem o acesso a uma mão de obra dotada de
    formação especifica não podem em geral
    localizar-se demasiado longe das grandes
    metrópoles, para estas a proximidade da grande
    cidade continua a ser um factor determinante.
  • Assim, refere um processo de expulsão-sucessão
    pelo qual as actividades em expansão empurram as
    outras para as periferias ou ainda para mais
    longe, uma vez que procuram localizações centrais
    e são utilizadoras mais intensivas do espaço
    urbano. Refere que se verificam duas forças
    contraditórias
  • -Um movimento de centralização com especialização
    cada vez mais acentuada dos centros no terciário
    superior
  • -Um movimento de descentralização com a expansão
    dos subúrbios e o êxodo das indústrias para
    localizações peri-urbanas.

79
  • Desta forma, o espaço económico e social continua
    a transformar-se em função da reorganização
    espacial dos empregos e das populações à medida
    que evoluem as tecnologias e as estruturas
    económicas.
  • As actividades económicas que exigem e utilizam
    intensivamente informação, conhecimento e capital
    intelectual parecem influenciar a reestruturação
    espacial das actividades nas regiões urbanas.
  • A relação entre os indivíduos e o território
    influencia e é influenciada por mutações sociais,
    económicas e tecnológicas. Desde os primórdios da
    sedentarização que a questão territorial tem
    constituído factor de desenvolvimento humano, ao
    mesmo tempo que é, provavelmente, um dos mais
    significativos factores de instabilidade e
    conflitualidade local e global.

80
  • 1.5.Centros urbanos, funções e hierarquização
  • Caracterização geral dos centros urbanos
  • Cidade
  • Genericamente uma cidade é um lugar onde a
    densidade populacional é elevada.
  • É também um lugar onde a relação entre diversos
    factores, principalmente capital e o solo, são
    elevadas na produção de serviços residenciais,
    comparadas com áreas vizinhas.
  • As pessoas trabalham normalmente perto das
    próprias residências e as cidades são por isso
    co
Write a Comment
User Comments (0)
About PowerShow.com